No final de semana em que o senador José Sarney completa 80 anos de vida (24/04/1930), o blog publica uma entrevista exclusiva com o jornalista paraense Palmério Dória, autor do best-seller "Honoráveis Bandidos", livro que frequenta as listas das publicações mais vendidas do Brasil das revistas Veja e Época e dos jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo há sete meses.
Palmério compara Sarney a Hitler,lamenta que ainda não foi feita uma enquete nacional para se descobrir o homem mais odiado do Brasil e relembra uma frase lapidar de Vitorino Freire: "Sarney é um homem podre de rico. Mais podre do que rico...".
Blog Marcos Nogueira (BMN): Sarney faz ontem 80 anos. Essa longevidade toda significa o quê para o Brasil, o Maranhão e a nossa história política?
Palmério Dória (PD): Em 1939, durante a crise que levou à Guerra na Polônia, Adolf Hitler disse a sir Nevile Henderson, embaixador britânico, que sua única ambição era aposentar-se nas colinas de Berchtesgaden e pintar. Toda vez que ouço José Sarney falar que pretende se retirar da vida pública para cuidar da literatura -- o que não deixa de ser uma ameaça -- , me vem à memória este fato relatado pelo repórter americano John Gunter. É um retrato primoroso de Hitler, descrito pelo repórter como vulgar, sonso, tacanho e mentiroso compulsivo, o que também faz lembrar o coronel Sarney. Para John Gunter, o "intelecto" de Hitler é o de um camaleão que sabe mudar de cor; a lógica, a da pantera faminta que busca comida. E se alguém acha que exagero buscando semelhanças entre um e outro, veja a disposição com que agora se lança para dobrar a vontade do PT maranhense com suas conexões nacionais. O que mantém Sarney vivo e atuante é essa disposição. Mesmo quando alcança seus intentos, não se dá por satisfeito. Insaciável, ninguém quer mais poder que Sarney. Ninguém quer assaltar mais que Sarney. E assim ele chega aos 80, passando todo mundo na cara. Podre de rico. Mais podre do que rico, como dizia o Vitorino Freire.
BMN: Depois do seguidos escândalos no Senado Federal e, principalmente, depois que seu livro se tornou campeão de vendas no Brasil, como está a imagem de José Sarney no país e na região Sudeste em particular?
PD: Espantoso que nenhum instituto tenho feito até agora uma pesquisa sobre quem é o homem mais odiado do Brasil. Não tenho a menor dúvida de que daria Sarney na cabeça. Talvez seja o indicador mais trágico do Estado. A ligação indissoluvel do Maranhão com essa famiglia.O responsável pelo sucesso de Honoráveis Bandidos é José Sarney, que vem mantendo a chama acesa nesses sete meses em que o livro está na lista dos mais vendidos, com pelo menos um escândalo por dia para a sua garantia. Desculpe, não tem como dissociar a imagem do Maranhão dessa Herodes de tailleur chamada Roseana Sarney.
BMN: Depois das descobertas recentes de remessas ilegais de milhões de dólares para a Suíça e para a China; das irregularidades detectadas na licitação de trechos de construção da ferrovia Norte Sul; e das demissões de Ulisses Assad da Valec e Astrogildo Quental da Eletrobrás, o que falta mais acontecer para Fernando Sarney ser
responsabilizado pelas diversas irregularidades que vem cometendo?
PD: Como diz o outro, o último a sair rouba a luz. Mas não tem problema não. No crime organizado sempre tem uma peça de reposição. Assim como tem um estoque regulador de escândalos, a famiglia deve ter seus trampolineiros de reserva. Problema vai ser quando pegarem o Fernando Sarney, o cérebro da gang, já que Sarney não tem mais idade para tarefas operacionais Perguntei prum amigo aí de São Luís se isso, a responsabilização do Fernando, poderia acontecer. Ele me respondeu com outra pergunta irônica: "Você conhece a família Trujillo?". Mas sonhar é livre.
BMN: Diante das peripécias de Sarney, Roseana, Fernando e Cia. ltda,quando você começa a escrever o Honoráveis Bandidos 2?
PD: De fato, não faltaria material. Fiquei boquiaberto, e ainda não boquifechei com as histórias que ouvi naquele jantar após o lançamento do livro no Sindicato dos Bancários, contadas por alguns dos melhores narradores que conheci. Lembra? De lá pra cá, as histórias se multiplicam. Mas não é o caso de chover no molhado.
BMN: Qual a sua avaliação, mesmo de longe, de mais uma eleição para governador do Maranhão entre Roseana Sarney, Jackson Lago e Flávio Dino?
PD: De longe, não passo de um torcedor. Torço para que a energia do Fora Sarney! seja posta agora num exemplar Fora Roseana!, um movimento que poderia contar com simpatia nacional. Afinal, o nome dela é Roseana, mas pode chamar de Sarney.
domingo, 25 de abril de 2010
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