O ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, sofreu uma dura advertência do presidente Lula por conta do apagão que atingiu o país no último dia 10, afetando 18 estados brasileiros.
Segundo o blog do jornalista Josias de Souza da Folha de São Paulo, no momento do blecaute Lula estava reunido em seu gabinete com Lobão e alguns governadores quando foi informado do ocorrido.
"Ao cobrar explicações do ministro indicado por Sarney e diante das respostas não convincentes do mesmo, Lula, irritado, disparou: “no tempo da Dilma não tinha isso”; deixando Lobão bastante constrangido.
Tudo aconteceu quando Lula coordenava uma reunião para a repartição dos royalties das jazidas do pré-sal. Um ajudante de ordens entrou na sala. Entregou ao presidente uma folha de papel. Lula devorou o texto em silêncio. Depois, socializou o conteúdo aos presentes. O presidente leu em voz alta o documento que informava sobre o breu.
E a prosa mudou de rumo.
— Que porra é essa, caralho, Lobão?
O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) não soube responder.
— Me dê um minutinho, presidente.
Lobão retirou-se da sala. Deixou atrás de si vários rostos circunspectos. Entre eles os semblantes de dois governadores: Sérgio Cabral (RJ) e Paulo Hartung (ES). Além da dupla, testemunharam a cena líderes do Congresso. Dilma Rousseff não estava. Mandara Erenice Guerra, a segunda da Casa Civil.
Decorridos menos de cinco minutos, Lobão retornou ao gabinete de Lula. Informou que havia ocorrido problemas nas linhas de transmissão. Situou a encrenca em cidades próximas a Itaipu, cujas turbinas se desligaram. Atribuiu a escuridão, já nesse primeiro momento, a intempéries climáticas.
E Lula, de bate-pronto:
– Não me venha com esse papo de clima. Não acredito nisso.
Voltando-se para o ministro, Lula pespegou:
— Ô, Lobão, no tempo da Dilma não tinha isso.
Quem testemunhou a cena conta que Lula falou em timbre jocoso. Algo que não impediu, nos dias seguintes, a troca de farpas entre petês e pemedebês. A presidenciável do PT ocupou a pasta do ministro de Sarney entre 2003 e 2005. Atribui-se a Dilma a reorganização do sistema elétrico na fase pós-apagão-FHC.
Antes de dar por encerrada a reunião, Lula dirigiu-se, de novo, a Lobão, dessa vez a sério.
— Vou pra casa dormir. Se a situação não se normalizar, quero que me telefone. Meu celular vai estar ligado. Quero essa porra resolvida logo. Caralho.
O ministro tocou para o chefe pouco antes das duas da madrugada de quarta (11). Reiterou a previsão de que, ao amanhecer, o fornecimento de luz estaria integralmente normalizado.
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