O ex-deputado estadual Aderson Lago ocupou uma cadeira na Assembléia Legislativa do Maranhão por quatro mandatos consecutivos.
Eleito na primeira vez em 1990, ele só deixou a AL no final de 2006 porque se candidatou a governador do Maranhão pelo PSDB.
Eu cheguei a São Luís em 16 de agosto de 1988 e passei a acompanhar as sessões da AL a partir de maio de 1992, quando passei a ser correspondente do jornal Folha de São Paulo no Maranhão, onde atuei até outubro de 1994.
Nestes dezessete anos que assisto às sessões na AL, eu não lembro de qualquer outro deputado com a capacidade intelectual e o dinamismo com que Aderson atuou naquela casa.
Profundo conhecedor do regimento interno da AL, Lago foi uma verdadeira pedra nos sapatos dos governadores Edison Lobão, José de Ribamar Fiquene e Roseana Sarney.
Fiscal implacável das ações destes três governadores, são de Aderson denúncias que passaram para a história política do Maranhão como no caso do chinês Chhai Kwo Chheng e a Cooperativa Têxtil de Rosário; o projeto Salangô, de irrigação em São Mateus; a estrada fantasma MA008, que deveria ligar Paulo Ramos a Arame; o contrato do telensino quando Roseana pagou R$ 100 milhões à Fundação Roberto Marinho para substituir professores de ensino médio; o empréstimo de R$ 333 milhões para sanear o BEM e vendê-lo ao Bradesco por R$ 78 milhões; o golpe de R$$ 44 milhões dados pela USIMAR; a privatização da CEMAR; a aplicação e perda de recursos da CAPOF no Banco Santos; o caso Lunnus; entre outros vários escândalos promovidos pela filha dileta de José Sarney e seu ambicioso marido.
Exatamente por esta atuação destacada de Aderson Lago é que em 1998 Jorge Murad tentou tirar a reeleição de Lago, financiando deputados da base aliada sarneysista para aliciar vereadores, cabos eleitorais e prefeitos que apoiavam Aderson no interior do Estado do Maranhão.
Aderson teve uma participação destacada na campanha eleitoral de 2006, quando os programas do PSDB desmitificaram e desconstruíram a imagem de Roseana como administradora pública.
Depois como chefe da Casa Civil do governo Jackson Lago. Aderson contribuiu muito para o sucesso da administração estadual, principalmente no interior do Estado.
Exatamente por causa desta atuação destacada, a governadora Sarney disse recentemente que Aderson Lago estava prestes a ser preso por supostas irregularidades cometidas no governo Jackson.
Além da ameaça de prisão, surgiram ameaças contra a integridade física de Lago de diversas fontes.
Com o que aconteceu no Sindicato dos Bancários no lançamento do livro Honoráveis Bandidos no dia 4 de novembro passado, se faz necessário protegermos a integridade física de Aderson.
No sindicato dos Bancários um grupo de jovens fascistas do PMDB de Sarney tentou impedir que dois jornalistas sexagenários lançassem uma obra admirável que conta toda a história do enriquecimento da família Sarney e a metamorfose de um político regional em presidente da República e atual avalista do presidente Lula.
Se aquele ataque idiota no sindicato na frente de cerca de 800 pessoas foi realizado, imaginem o que esses mesmos políticos podem fazer para impedir a volta de Aderson à Assembléia Legislativa.
O blog publica agora o artigo assinado por Aderson Lago e publicado ontem na edição do Jornal Pequeno, intitulado: "Prisão (ou morte) anunciada"
"Nunca consegui esquecer o segundo turno das eleições de 1994. Foi a maior fraude já feita no Maranhão. Fraudaram mais de cem mil votos para inverter o resultado das eleições e proporcionar à filha de Sarney uma envergonhada vitoria contra Cafeteira por pouco mais de dezoito mil votos.
Mas nada me chocou e impressionou tanto quanto a tentativa malograda de forjar um flagrante de porte de cocaína para a filha de Cafeteira. O objetivo era constranger o adversário na reta final da campanha e influenciar com a propaganda negativa o resultado da eleição.
Para quem montou a“operação Reis Pacheco “ ( sequestro ,morte e ocultação do cadáver de um morto-vivo atribuídos à Cafeteira ) o plano frustado era apenas um aperitivo.
Já se passaram quinze anos e as práticas políticas do grupo Sarney só pioraram. A violência, que não era utilizada para intimidar e coagir os adversários passou a ser ferramenta importantíssima para a consecução desses objetivos. Vide a noite de autógrafos dos “Honoráveis Bandidos “. A juventude hitlerista não faria melhor.
Tenho, desde o início do governo Jackson Lago e com mais intensidade após o golpe judiciário que o afastou do poder, sido o alvo preferencial dos achincalhes, dos insultos e das baixarias da mídia sarneysista. A ordem foi dada ao filho Fernando pelo próprio “ honorável mor “, José Sarney, conforme comprovado nas escutas telefonicas da “Operação Boi Barrica “. Esse é o modo Sarney de tratar os adversários. Portanto, não me surpreende a insistente e feroz tentativa de assassinar-me politicamente.
Mas parece que isso não tem sido suficiente, daí a necessidade de fazer algo mais consistente, mais definitivo e com “aspecto legal “. Auditorias especiais e inquéritos são abertos e conduzidos de maneira leviana e irresponsável na tentativa de fazer de mim os bandidos que eles são. Periodicamente as manchetes e o noticiário dos seus meios de comunicação me insultam e me atribuem crimes que nunca cometi.
A minha castração política, a desmoralização como cidadão e até uma remota, mas possível eliminação física servirão de exemplo para desestimular aqueles que teimam em não se submeter ao seu comando. Aí vem a segunda parte do criminoso plano urdido pela própria governadora Roseana Sarney, pelo secretário Ricardo Murad e pelo secretário Raimundo Cutrim.
Dias atrás a governadora vazou para alguns parlamentares que eu seria preso nos próximos dias. O secretário Cutrim avalizou a informação e garantiu sua execução. A intenção é que a informação chegasse a mim.
A suposição é de que diante da prisão arbitrária eu estarei preparado para reagir com violência ensejando uma oportunidade para ser espancado ou conforme a intensidade da reação até ser morto pelos executores da ação. É lógico que uma arma de fogo seria “ plantada “ para justificar a reação descontrolada dos que forem me prender.
Ao longo dos quatro mandatos exercidos como deputado estadual participei ativa e intensamente das atividades parlamentares e dos debates políticos do meu estado. Jamais recebi uma ameaça ou me senti inseguro quanto à minha integridade física, mesmo no auge da CPI do Crime Organizado. Infelizmente, hoje, não é esse o ambiente que respiro.
As práticas próprias dos regimes de excessão que se implantaram no Maranhão desde o golpe que retornou os Sarney ao poder nos remetem a dias cada vez mais sombrios. Com muito mais intensidade reimplantou-se a cultura do medo. Os adversários e os que reagem à cooptação são ameaçados de todos os modos e por todos os meios. Ora é a polícia política que foi montada pelo Secretário Raimundo Cutrim, ora são as ações que tramitam no Tribunal Eleitoral, ora são as contas dos prefeitos e gestores que estão no Tribunal de Contas do Estado. Até mesmo ações na justiça comum são utilizadas como instrumento para ameaçar, punir ou cooptar.
Tudo isso é possível graças, como gostam de deixar transparecer, ao poder e influência que exercem em todas as esferas da Justiça no Maranhão e em Brasília. A par de todo esse instrumental é, também e principalmente, utilizado o formidável e inescrupuloso sistema de comunicação que possuem. Aliás , disse o próprio Sarney em entrevista, ele existe para ser usado politicamente.
É nesse clima asfixiante que vivemos hoje no Maranhão. Onde imperam as escutas telefônicas ilegais, as ameaças veladas, o uso da máquina pública em benefício pessoal e o mais despudorado assalto aos cofres públicos que se tem notícia. Até porque com direito a propaganda nos meios de comunicação e completa blindagem com relação à Justiça, conforme gostam eles próprios de se jactar.
São milhões de reais contratados sem licitação na Educação, na Saúde e na Segurança. É a farra dos novos Hospitais para empreiteiros generosos, embora na contramão do SUS. São estradas licitadas no “combinemos “ entre construtoras amigas. Talvez seja por isso que alardeiam, até com certa ironia : “ de volta ao trabalho “ e “ mãos à obra “.
E porque, mesmo sem mandato, nunca calei diante de tudo isso é que preciso ser eliminado, política ou quem sabe, até fisicamente. É por isso que chamo a atenção do Ministério Público, da Justiça ,da Assembleia Legislativa ,da clase política em geral, da sociedade civil organizada para o que está sendo urdido, sendo tramado em nome da manutenção de um poder obtido ilegitimamente.
Ainda assim, diante de todos esses percalços, prefiro morrer de pé do que viver de joelhos. Tenho a tranquilidade dos que nada tem a temer e a paz de quem tem Deus ao seu lado. Espero que esse seja o ânimo daqueles que não perderam a capacidade de se indignar. Portanto, que Deus me proteja, que os amigos me ajudem e que o povo me apoie, pois agora, mais do que nunca, a luta precisa continuar.
ADERSON LAGO
Ex. Dep.Estadual"
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
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