Em sinuca de bico o PT/MA pode formar uma "chapa camarão"

Uma fonte muito bem situada junto à direção nacional do PT me informou ontem por telefone que Lula prefere não intervir no diretório regional do partido no Maranhão, para evitar desgaste à campanha presidencial de Dilma Roussef.

Na próxima sexta-feira, daqui a três dias, o PT realiza encontro nacional para definir a tática e estratégia eleitoral da legenda para todo o país. Em Minas Gerais a situação já está definida com a retirada da candidatura do ex-prefeito petista de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, a governador do estado.

O PT/MG vai apoiar a candidatura do ex-ministro Hélio Costa e Pimentel será candidato a senador pela coligação PMDB/PT. O problema de Pimentel é que ele vai disputar uma vaga no Senado, contra dois pesos pesados da política mineira e nacional: o ex-governador Aécio Neves e o ex-presidente da República, Itamar Franco.

Um alto dirigente petista propôs ao PT/MA a formação de uma chapa camarão (chapa sem cabeça) no estado. Seria lançada uma chapa proporcional de candidatos a deputado federal e a estadual, mas o partido não lançaria candidato a governador e não se coligaria nem com o PMDB de Roseana e nem com o PC do B de Flávio Dino.

Alguns dirigentes nacionais do partido de Lula preferiam que o PT lançasse candidato próprio a governador.

Mas o partido está irremediavelmente rachado em dois grupos e nenhum deles apoiaria um candidato a governador do outro grupo, com medo do candidato escolhido atuar na campanha eleitoral como laranja de Roseana ou de Flávio Dino.

A intervenção no diretório regional seria o recurso final de Lula para enquadrar o PT maranhense. De qualquer forma o PT local está completamente desacreditado junto à opinião pública maranhense.

Fechando com Roseana na marra, lançando candidato próprio ou montando uma chapa camarão, dificilmente o PT elegerá algum deputado federal e poderá eleger um, ou no máximo, dois estaduais.

Com a nova realidade de desgaste vivida pelo PT maranhense, muita coisa pode mudar e vários projetos pessoais foram enterrados junto com a crise que se abateu sobre a legenda lulista no estado.

O deputado federal Domingos Dutra poderá se lançar candidato a deputado estadual, forçando a retirada da candidatura de Washington Oliveira da disputa para federal.

Se com Dutra candidato a federal, o PT/MA já teria muita dificuldade para alcançar o coeficiente eleitoral para eleger um deputado, sem Dutra seria impossível.

Por isso é que Washington Oliveira já pensa em se lançar candidato a deputado estadual.

Os três candidatos petistas a uma cadeira de deputado estadual que estão mais bem estruturados para a campanha são Francisca Primo, esposa do prefeito de Buriticupu, Mauro Jorge, de Lago da Pedra e Valdinar Barros, que tentará a reeleição.

Candidatos a estadual que tinham mais força antes da crise moral que se abateu sobre o PT/MA estão agora em situação dificílima como Raimundo Monteiro, Fransuíla (Balsas), Edmilson Carneiro e o ex-vice-prefeito de Açailândia, Antônio Erismar.

Já o candidato a deputado federal, Rodrigo Comerciário, acabou com sua quase carreira política ao ser pego com a boca na botija oferecendo dinheiro sujo de Roseana para comprar delegados petistas.

A deputada Helena Heluy já disse que não será mais candidata à reeleição. Mas mesmo que ela desista de desistir de tentar a reeleição, dificilmente ela seria reeleita, porque sua base eleitoral sempre foi constituída por eleitores de classe média com opinião formada sobre os assuntos da política maranhense.

Com a crise no PT e o fato de seu filho José Antônio ter se tornado secretário do governo biônico de Roseana Sarney, Helena não poderia contar novamente com a maioria de seus eleitores tradicionais que possuem uma visão crítica da realidade maranhense.

Como se vê a crise do PT/MA é de falta total de credibilidade. Washington e seu grupo e aliados jogaram uma bonita história de lutas populares e democráticas e de resistência ao regime militar e seu representante civil no Maranhão na lata do lixo.

Anos e anos de clandestinidade, a memória de companheiros assassinados na Guerrilha do Araguaia, as lutas sem trégua pela organização dos trabalhadores rurais, pelos Direitos Humanos, pela Anistia, pela meia passagem, pelas “Diretas Já” e pelo impeachment de Collor foram esquecidos no fundo da prateleira do balcão de negócios em que o PT/MA se transformou.

Triste fim!