terça-feira, 6 de outubro de 2009

A encruzilhada do PT/MA

O diretório regional do PT maranhense está em uma sinuca de bico. Sete chapas, sendo seis com candidatos a presidente do diretório regional, disputam o comando da sigla da estrela vermelha em um acirrado e disputado processo interno de eleições que se encerrará no próximo dia 22 de novembro.

De um lado três chapas que seguem a orientação nacional majoritária do partido e defendem a coligação majoritária entre o PMDB e o PT em torno da reeleição da governadora Sarney em 2010, como retribuição do apoio do grupo Sarney á candidata Dilma Roussef.

Os candidatos a presidente do PT/MA que defendem a aliança com Roseana do PMDB são: Raimundo Monteiro, ex-superintendente do INCRA/Ma e candidato a governador do Maranhão em 2002 (apoiado pelo deputado federal Washington Luís de Oliveira); Edmilson Carneiro, ex-dirigente da Eletrobrás no Estado e apoiado pelo secretário de Estado do Trabalho, José Antônio Heluy, filho da deputada estadual petista Helena Heluy; e Fransuíla Soares, dirigente do diretório municipal do PT de Balsas.

O ex-presidente do Sindicato dos Comerciários de São Luís, Rodrigo Comerciário, defende o lançamento de uma candidatura própria ao Governo do Estado.

Dois candidatos a presidente do PT defendem a coligação do PT com o PC do B e o PSB, em torno da candidatura do deputado federal Flávio Dino a governador do Maranhão. São eles o ex-candidato ao Senado Federal em 2006, Bira do Pindaré, que tem o apoio do legendário líder camponês Manoel da Conceição e dos ex-secretários do governador Jackson Lago, Silvio Bembem, Franklin Douglas e Márcio Jardim; e o ex-líder estudantil Augusto Lobato, que é apoiado pelo atual presidente do PT/MA, deputado federal Domingos Dutra, pelos ex-deputados Jomar Fernandes e Terezinha Fernandes e o ex-secretário estadual de Minas e Energia do governo Jackson Lago, Ricardo Ferro.

A sétima chapa não apresentou candidato a presidente do PT/MA e é liderada pelo deputado federal Domingos Dutra, que apóia Augusto Lobato para presidente do PT/MA.

O processo interno de eleições do PT/MA vai definir também a formação da chapa proporcional que o PT participará lançando candidatos a deputado estadual e federal.

O PT de Roseana

Se o PT se coligar à Governadora Roseana em 2010, restarão duas opções ao partido: fazer parte do chapão para deputados federais e estaduais junto com o PMDB, PV, DEM, PTB e outros partidos menores; ou partir para uma chapa proporcional puro sangue ou com outros partidos menores.

A primeira hipótese é suicídio político, pois o grupo Sarney pode prometer mundos e fundos hoje, mas vai trucidar os candidatos a deputado federal e estadual do PT em 2010.

Tira gosto de tubarão

Os três partidos maiores do grupo Sarney, PMDB, DEM e PV são tubarões brancos disfarçados de sereia. Se Washington Oliveira e Helena Heluy forem atraídos pelo canto das três sereias agora, serão devorados e trucidados na campanha eleitoral de 2010.

Apoiar Roseana para governadora, Lobão para senador e montar uma chapa proporcional puro sangue ou com pequenos partidos da base aliada da Governadora Sarney condenará o PT/MA a eleger pouquíssimos parlamentares.

A grande questão de Washington de Oliveira é decidir entre seguir a orientação da direção nacional, que despreza a situação política estadual em sua análise e só se preocupa com a sucessão de Lula; ou traçar uma política própria para o Maranhão levando em conta o fortalecimento do PT/MA e a eleição de uma bancada de deputados federais e estaduais representativa.

Washington só carregou ônus

A própria trajetória política de Washington é uma prova concreta desta dicotomia. Ele só teve ônus defendendo as posições nacionais do PT.

Em 1998 não defendeu a coligação proporcional com o PV de Pedro Celestino que elegeria um deputado federal;

Nos últimos dias da campanha eleitoral de 2002, abandonou São Luís para puxar votos para Lula no interior do Estado, deixando de alcançar trinta mil votos na capital, quantidade de votos que o elegeria em 2.° lugar, logo depois de Domingos Dutra. Ele obteve 22 mil votos na capital e perdeu a segunda vaga para Terezinha Fernandes, esposa do então prefeito de Imperatriz, Jomar Fernandes.

Em 2006 abandonou São Luís novamente e viu sua votação na capital recuar de 22 mil para quase sete mil votos. Washington teve um total de 62 mil votos e perdeu a última vaga da coligação PT/PSB e PC do B para o socialista Ribamar Alves por uma diferença de menos de 300 votos.

Agora em 2010 Washington tem uma chance de ouro de se eleger até com uma certa facilidade. Se defender a coligação com o PC do B e o PSB em torno da candidatura do deputado Flávio Dino ao governo do Estado, o petista poderá se eleger logo no 1.° turno sem ficar devendo favores a ninguém.

Remi na saúde

Em 2002 Washington foi primeiro suplente de deputado federal do PT e só assumiu o mandato em Brasília depois que Sarney pediu e José Reinaldo dividiu a secretaria estadual de Saúde em duas para acomodar o deputado federal eleito Remi Trinta.

Agora em 2009, com a posse biônica da Governadora Roseana em 17 de abril, o deputado federal eleito pelo PSB em 2006, Waldir Maranhão, assumiu uma vaga de secretário estadual da equipe de Roseana e abriu espaço para Washington na Câmara Federal.

Oliveira só assumiu duas vezes na Câmara Federal graças aos arranjos feitos pelo senador José Sarney. E todos sabem no Maranhão que dever favor para o ex-presidente da República é um fardo que poucos carregam tamanha a exorbitância da conta cobrada depois.

Se Washington defender no PT/MA a coligação de esquerda com o PC do B e o PSB logo no 1.° turno, ele poderá arrecadar vários bônus:



1) apoiar Flávio Dino para candidato a governador da coligação PC do B, PT e PSB em troca da garantia de sua eleição a deputado federal, sem dever favor a ninguém;

2) garantir a presença de Flávio Dino ou Jackson Lago no 2.° turno das eleições de 2010, reaproximando o PT de Washington do campo democrático contra Sarney no Maranhão, de onde nunca deveria ter se afastado; e

3) recuperar o status ideológico de esquerda que sempre pautou sua vida desde o movimento secundarista contra a ditadura militar na década de 60 no PC do B do Ceará; nas agruras da clandestinidade dos anos 70 na retaguarda de apoio à Guerrilha do Araguaia no Maranhão; no movimento de resistência popular e luta pela anistia e liberdades democráticas nos anos 80 no PC do B e no PT; na construção de um partido de massas de esquerda no Brasil, o PT, nos anos 90; e participar do penoso processo de construir um governo popular no século XXI.

Por todo este conjunto de questões colocadas e em memória do nosso amigo comum, Dover Cavalcante, é que passo a desconfiar que Washington Oliveira não levará o PT do Maranhão a apoiar Roseana Sarney e se coligar com o PMDB, DEM e o PV do Maranhão em 2010.

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