Na última sexta-feira á noite foi lançado em São Luís, no Palácio Cristo Rei, na Praça Gonçalves Dias, o jornal Vias de Fato. Com peridocidade mensal, o jornal tem a coordenação editorial dos jornalistas César Teixeira e Emílio Azevedo e no editorial de seu primeiro número que está circulando nas bancas já deixou transparente seus objetivos.
"...Um projeto de comunicação disposto a tratar de política, cultura e meio ambiente. Com uma pauta atenta aos movimentos sociais, às organizações populares e a comunidade estudantil e universitária...Consideramos que, no Maranhão se faz necessária uma comunicação alternativa, que não esteja submetida ao interesse dos enclaves econômicos, da oligarquia, do agro-banditismo, do latifúndio, do monopólio da mídia, da dominação cultural, enfim, dos poderes e dos poderosos, que, associados, há muito tempo, atuam como donos de nossa terra...".
Na página 12 do n.° 1 de "Vias de Fato" foi publicado um magistral texto de autoria de Cesar Teixeira, jornalista, compositor popular e cantor com o título "O Banquete Execrável".
Este blog reproduz a seguir o texto de Teixeira.
" Entre restos de pizza jogados no balcão imundo, um grupo de parlamentares se diverte tirando da cartola novas manobras políticas, enquanto José Sarney, o Reincidente, suspira com uma pitada de Pré-Sal no caldo de sarnambi, quem sabe já degustando vantagens para as extensas áreas que adquiriu ilegalmente em Santo Amaro, nos Lençóis Maranhenses, visando à exploração de gás.
Imóvel, sobre o freezer abarrotado de vísceras, a estátua decapitada da Justiça sente o peso da solidão e da indiferença.
Crentes de que não será a sua última ceia, os convivas devoram com avidez as costelas indigentes da ética e do decoro, lambendo o sangue nos dedos coalhados de anéis. Vomitam uns nos outros como cães hidrófobos, soltando arrotos e peidos estridentes. Apesar do cheiro quase sólido de enxofre no ar, salvaram-se as regalias, como os saques indenizatórios ao tesouro público para despesas secretas de tapioquinhas, ou linhas aéreas para os paraísos da impunidade.
Novas denúncias certamente irão surgir, mas servirão apenas de aperitivo para a larica incontrolável dos canibais engravatados.
O Congresso Nacional, este sim, é que pode ser chamado de Zona do Baixo Meretrício, onde as receitas pirateadas do Kama-Sutra contra os interesses nacionais e a ordem constitucional do País superam as páginas rasgadas da Carta Magna brasileira, que entulham as latrinas do Senado. No Plenário, as sessões legislativas tornaram-se animados stripteases de lama, gincana execrável entre gigolôs do patrimônio público. Os cabarés da Rua 28 de Julho e da Rua da Palma eram muito mais respeitáveis.
Em Brasília a classe política sofre de bulimia crônica. De modo geral, política e jantar de negócios em mansão não declarada são a mesma coisa. Come-se e bebe-se gratuitamente, sem bater cartão ou pagar aluguel. Ordinariamente, todos decoram seus papéis: coronéis de merda, mordomos secretos, lobistas aloprados, office-boys midiáticos, cangaceiros de terceira categoria, arapongas etc. Nos bastidores, juízes de papel machê.
O mais reles papel, entretanto, cabe ao presidente Lula, espécie de czar naturalista especializado em mimar camaleões de bigode, que, para justificar o injustificável, enterra o PT em cova rasa, poupando velas de sete dias para o mausoléu do Convento das Mercês, um museu republicano financiado com recursos de empresas estatais.
Assim, sobre o balcão imundo, renovam-se alianças e casamentos políticos, não sem antes, por conveniência sentimental ou compadrio, empurrar as picuinhas retemperadas pela mídia para debaixo do tapete – com ou sem as sobras cirúrgicas de Dilma Roussef.
De olho nas próximas eleições, os senadores puxam lenços solenes com os quais enxugam uns nos rostos dos outros o desperdício de bílis e caviar. Inspirados, como se fosse o vernissage do quadro de miséria que atinge 33,6 milhões brasileiros, retocam a pintura do bigode de José Sarney, o Compulsivo.
Homem incomum por ser esculpido em lodo – o lodo petrificado de uma biografia mergulhada em fraudes e golpes sujos –, o senador do Amapá sabe que ainda tem os holofotes voltados para si, e tirará proveito disso, embora com tremor nas mãos. Fato que tem levado alguns jornalistas a afirmarem ser essa a causa dos seus desarranjos lexicais. Mero imbróglio acadêmico a ser engavetado. É mais frutífero imaginar James Parkinson tentando psicografar alguma bobagem para a Folha de S. Paulo.
Não obstante, durante o banquete que atravessará as eleições de 2010 tudo será permitido, inclusive enfiar o dedo na garganta para vomitar outra vez o que já foi deglutido, e repetir tudo de novo, deixando a conta para o povo brasileiro digerir.
São aberrações políticas iguais a Renan Calheiros, Collor de Mello, e José Sarney, o Dissimulado, que ainda insistem em perpetuar-se no poder para gerir o destino dos cidadãos de bem. Por essas e outras é que dizem que o cavalo Incitatus, nomeado senador por Calígula, teria sido mais ético, pois nunca atentou contra o decoro parlamentar em Roma.
Enquanto houver pizzas no forno e leis que possam ser transgredidas, eles ficarão lá como parasitas para sucatear a democracia, jurando de pés juntos nada saber de nepotismo, desvio de verbas públicas, falsidade ideológica, caixa dois, tráfico de influência e outros crimes manjados. Até que sejam guilhotinados pelos votos da indignação.
Infelizmente, esses mortos-vivos de jaquetões Armani lambrecados de Booster, já deixaram as impressões digitais no erário público, sua calçada da fama, emporcalhando a história de um País ansioso por uma nova independência, não movida a petróleo, mas pela dignidade social e pela
cidadania."
* Assinaturas do jornal "Vias de Fato" podem ser solicitadas pelos telefones 8145-5052 e8123-5184.
domingo, 4 de outubro de 2009
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o jornal e otimo que tem mais um jornal de oposiçao a essa familia sangue suga
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