O jornal “O Estado do Maranhão” na sua edição de ontem, sábado, publicou um editorial na página 4, do 1.° caderno, acerca da grave questão da saúde pública no Maranhão.
O editorial do matutino da família Sarney defende a tese levantada pelo promotor de Saúde, Herbert Figueiredo, de que o Hospital Materno Infantil, mantido pela União em São Luís, pertencente ao complexo do Hospital Universitário Presidente Dutra, “deixou de receber pacientes porque estaria abrigando uma bactéria altamente perigosa”
Na realidade o editorial tenta iludir os leitores daquele jornal e esconde que a grave crise de superlotação que atinge toda a rede de hospitais públicos da capital tem motivação no desmonte do sistema de saúde que começou a ser organizado na administração do governador Jackson Lago.
Pode até existir a tal bactéria no Hospital Materno Infantil, propalada pelo senhor promotor da Saúde.
Qualquer hospital, público ou privado, por melhor que seja, não está livre da existência de bactérias em seus centros cirúrgicos, ambulatórios ou leitos de UTI de adultos ou neonatais.
O que me espanta e me preocupa é a forma convicta e determinada com que o promotor Herbert Figueiredo afirma que o Hospital Materno Infantil não recebe novos pacientes por causa de uma bactéria e descarta outras motivações para explicar a superlotação na rede pública que agravou a crise no atendimento de saúde em São Luís.
Ou só ele possui um laudo técnico científico que comprove a existência desta famigerada bactéria ou a afirmação categórica esconde a falta de uma visão crítica sobre a inversão de prioridades colocada em prática há treze meses pelo governo estadual e está desconstruindo o sistema de saúde pública do Maranhão.
Faço a pergunta que precisa ser respondida: Será que Figueiredo desconfia da competência e seriedade dos profissionais de saúde do Materno Infantil, a maioria constituída por trabalhadores concursados e dedicados ao serviço público?
Fico a pensar as razões que levaram o promotor de saúde a não investigar até agora fatos muito graves que vem acontecendo no setor na administração da governadora Roseana Sarney, como:
1) o início da construção de 72 novos hospitais em todo o Maranhão sem os devidos processos licitatórios, num investimento de cerca de R$ 145 milhões (dado da matéria de Saúde do jornal da família Sarney de hoje) ;
2) o pagamento de mais de R$ 17 milhões à empresa Proenge, que elaborou os projetos de construção dos 72 hospitais do programa “Viva Saúde” sem o devido processo licitatório;
3) o estranho fechamento para reforma dos PAM’s do Diamante e da Cidade Operária em São Luís;
4) a diminuição do atendimento, também devido à reforma, no Hospital do IPEM e a quase desativação no atendimento do Hospital da Vila Luizão, em São Luís;
5) a desativação para reforma de hospitais que estavam em pleno funcionamento no interior do estado como o hospital estadual de Coroatá (veja foto abaixo) que foi praticamente destruído por ordem de Ricardo Murad;
Hospital estadual de Coroatá estava em pleno funcionamento e foi fechado para uma reforma que na prática o destruiu
6) o seqüestro de quase R$ 152 milhões dos cofres de vários municípios, recursos oriundos de convênios assinados em 2009 pelo governador Jackson Lago, que financiariam a compra de ambulâncias para 55 municípios (R$ 10,1 milhões); aquisição de equipamentos para 30 municípios (R$ 18,5 milhões); a construção dos Socorrões de Imperatriz e de Pinheiro (R$ 31 milhões); a reforma e ampliação de hospitais em 28 municípios (R$ 14 milhões); as obras de saneamento básico em 56 municipios (R$ 58,5 milhões); e o incremento às ações de saúde em 30 municípios ( R$ 19,7 milhões);
7) a terceirização dos serviços laboratoriais dos hospitais públicos da rede estadual, beneficiando laboratórios privados, inclusive um que tem como um de seus sócios proprietários um secretário adjunto da Secretaria Estadual de Saúde, que por coincidência é amigo e comprade do ex-secretário Ricardo Murad; e a
8) a contratação de ONGs e fundações privadas para administrar os hospitais públicos da rede estadual de saúde;
Será que o promotor de saúde não percebeu que a superlotação dos hospitais de rede pública de saúde da capital se agravou mais ainda no segundo semestre do ano passado e em 2010 devido ao aumento da verdadeira procissão de ambulâncias pelas estradas maranhenses, devido às deficiências no atendimento médico no interior do estado?
E para agravar mais ainda uma situação que já estava crítica, será que o senhor promotor de saúde não estranhou também a simultaneidade, intencional ou não, do fechamento dos PAM’s do Diamante e da Cidade Operária, em São Luís, para reforma (sic), desativação parcial do atendimento no Hospital do Ipem (também em reforma), além da drástica diminuição de atividades do Hospital da Vila Luizão e a sensível redução das especialidades médicas oferecidas pelo Hospital Geral?
Esses fatos relacionados e analisados de forma global explicam os motivos do porque não só o Materno Infantil, como os hospitais Juvêncio Matos, o Socorrão 1, o Socorrão 2, os cinco socorrinhos e as unidades mistas municipais, que compõe a rede pública de saúde em funcionamento pleno na capital, estão tendo dificuldades re receber novos pacientes, principalmente aqueles que vêm do interior, fugindo da falta de assistência médica em suas cidades.
Senhor promotor da Saúde. Se a prefeitura de Pinheiro não tivesse R$ 10 milhões de sua conta bancária seqüestrados por ordem de Roseana Sarney e o Socorrão da Baixada Maranhense, que seria construído naquela cidade, já tivesse sido inaugurado e estivesse funcionando como o Socorrão de Presidente Dutra, será que as duas ambulâncias de Pinheiro e Santa Helena (fotos abaixo de autoria do fotógrafo Merval Filho, da Assessoria de Imoprensa do HU Presidente Dutra)) estariam transportando crianças doentes para serem atendidas no Hospital Materno Infantil, de São Luís?
As crianças doentes transportadas nestas duas ambulâncias poderiam ter sido atendidas no Socorrão da Baixada Maranhense se a dupla Roseana & Ricardo não tivesse sequestrado R$ 10 milhões da conta bancária do município de Pinheiro
E certa emissora de televisão, campeã de audiência, continua explorando em seus telejornais a agonia e o drama de mães aflitas e chorando que trazem diariamente seus filhos doentes do interior do estado em uma procissão interminável de ambulâncias pelas estradas maranhenses!
Desconfio que ao invés de uma bactéria oportunista exista um verme que é o verdadeiro responsável pelo agravamento da crise na saúde pública do Maranhão.
É o verme da ambição desmedida, das negociatas sem licitação, do favorecimento às empreiteiras, da insensibilidade e falta de amor e compaixão para com a população pobre e necessitada do Maranhão.
domingo, 30 de maio de 2010
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