Nesses tempos em que só se fala e se escreve na mídia sobre a copa do mundo da África do Sul, nada melhor para desopilar nossos fígados do que ler um texto leve, engraçado e mordaz.
É o caso do artigo "Lula Futebol Clube" escrito pelo crítico e articulista da TV Globo, Nelson Motta. Se divirtam com esse interessante texto, tão bem escrito como os artigos assinados pelos mestres da crônica esportiva nacional como Armando Nogueira, Fernando Calazans, Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho, Sérgio Cabral e Tostão.
"Como Lula adora metáforas futebolísticas, nada melhor para tentar explicar a um amigo inglês, fanático por futebol mas ignorante de Brasil, como é a política do governo Lula.
Contei que o time entrou em campo com a prata da casa, mas logo reforçou a defesa com vários jogadores comprados de times adversários, como os veteranos Jader e Renan, e o veteraníssimo Ribamar, craques em roubar bolas e parar atacantes com faltas.
O “professor” Lula segue a máxima de Neném Prancha, “jogador tem que ir na bola como quem vai a um prato de comida”, mas não contava com a voracidade dos companheiros.
Um dos problemas do time é que, muitas vezes, alguém pede bola sem receber, faz corpo mole e abre o bico.
Com a defesa batendo cabeça, Lula perdeu o seu impetuoso armador Delúbio e o volante Silvinho “Land Rover”, que distribuía o jogo na intermediária, expulsos por mão na bola.
E quase tomou uma goleada no primeiro tempo. Foi salvo pelo craque Thomaz Bastos, cérebro do meio de campo, que organizou a defesa, resistiu a todos os ataques e ainda virou o jogo na segunda etapa.
Mas o time voltou insistindo em avançar pelo costado esquerdo da cancha, com o bisonho Tarso no lugar de Thomaz Bastos, que saiu exausto, e com as investidas desastradas do canhotinha Amorim, que levaram várias bolas nas costas e dribles desmoralizantes.
Mas no meio de campo os competentes Meirelles e Palocci mandavam no jogo, chutando com as duas, e impondo seu futebol de resultados, sem jogar para a arquibancada.
Quando perdeu seu capitão, o catimbeiro Dirceu, e depois a revelação do meio-campo, Palocci, que levaram cartão vermelho, Lula improvisou o cabeça de área Rousseff como capitão e os perebas Lobão e Geddel como volantes. E mesmo assim está dando uma goleada. Mas a bola ainda está rolando.
Uma originalidade do time de Lula é que, talvez pela fraqueza dos adversários, quase todos os gols que tomou foram feitos pelos seus próprios defensores, como os pernas de pau Valdebran e Gedimar, no fim do primeiro tempo.
Mas sua maior jogada foi instituir o “Bola Família”, que deu 70% da lotação do estádio para a sua torcida."
Nelson Mota é articulista de O Globo, do Rio de Janeiro.
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