sábado, 12 de dezembro de 2009

Recordar é Viver 2: "Hospitais de Ricardo Murad não passam de telessalas"

Na segunda postagem republicada na série "Recordar é Viver", nos vamos postar uma matéria originariamente publicada neste blog em 20 de novembro passado.

É uma carta assinada por Luís Marcelo Vieira Rosa, presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Maranhão, onde ele afirma que os 64 hospitais que Ricardo Murad prometeu construir não passarão de telessalas, de triste memória.


"Quem não lembra o programa que acabou de enterrar a educação do Maranhão, há alguns anos, no governo do mesmo grupo que administra o Estado do Maranhão?

Programa esse que entregou o ensino médio à fundação Roberto Marinho implantado TELESSALAS onde deveriam ter professores concursados.

Estamos diante de absurdo semelhante, mas agora o alvo é outro, apesar de os personagens e os objetivos serem os mesmos.

A Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão, na pessoa de seu Secretário, vem demonstrando que de saúde não entende nada ou é tão mal intencionado que não deixa mais o objetivo de fazer a coisa errada escondido por trás de justificativa alguma.



Charge de Ricardo Murad despachando na Secretaria de Saúde




O que chamo de TELESSALAS da saúde são os tais 64 “hospitais” do Secretário que devem custar 340 milhões de reais e na verdade nem hospitais serão, no máximo poderiam ser classificados como UNIDADES MISTAS.

Não há preocupação sequer de rever a legislação para saber se uma unidade, do tamanho das propostas, pode ou não ser enquadrada como hospital.

Quem conhece saúde sabe que investir em “hospitais” é a maior das demonstrações de ignorância sobre Sistema Único de Saúde que um gestor pode demonstrar.

Na verdade se o senhor Secretário e seus assessores entendessem de saúde, saberiam que os leitos que se encontram desativados no interior do Estado, e só para citar temos Grajaú, Barreirinhas e Cachoeira Grande que possuem três excelentes hospitais desativados, são suficientes para atenderem a demanda das regiões em que se encontram.



Investir em “hospitais” é negar a própria historia de construção do SUS. Ir contra a luta para diminuir as internações em função do incremento da Atenção Básica à Saúde.

Um paciente que chega a qualquer hospital com agravos provocados pelo diabetes, por exemplo, se fosse devidamente acompanhado desde o inicio por uma equipe do PSF provavelmente não chegaria a esse ponto e não precisaria de internação.

O mesmo se pode dizer de hipertensos, tuberculosos, hansenianos e aí por diante.

Quem entende de saúde investe em Atenção Básica e isso já é feito em outros Estados, inclusive do Nordeste, como é o caso do Ceará que foi um dos pioneiros nesse sentido e hoje, depois de mais de vinte anos, colhe os frutos da organização e da boa fé de seus administradores.

Não é difícil prevê o destino dos tais 64 “hospitais”, pois quem irá mantê-los após as inaugurações?

Quem vai bancar os profissionais necessários aos seus funcionamentos?

Quem vai adquirir ambulância para o deslocamento dos pacientes quando os casos não forem resolvidos?

Os laboratórios privados que estão no “esquema” aqui em São Luis irão para o interior?

O Prefeito que tivesse um mínimo de responsabilidade não aceitaria a instalação de um desses “hospitais”.

O destino deles é, irremediavelmente, fechar deixando o prejuízo para o povo maranhense.

Tais quais as TELESSALAS, o efeito, desses 64 ”hospitais”, vai ser catastrófico, com um agravante: enquanto as TELESSALAS fabricaram milhares de analfabetos funcionais, os 64 “hospitais” fabricarão milhares de inválidos e DEFUNTOS.

Luís Marcelo Vieira Rosa

Presidente
Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Maranhão"

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