terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O povo maranhense não quer migalhas

Esse novo projeto da governadora biônica do Maranhão, chamado de “Minha gente” não resiste a uma séria avaliação de seus objetivos.

Se for analisado junto com outras medidas tomadas por Roseana Sarney & Ricardo Murad então, fica transparente o tripé que sustenta este desgoverno: populismo, beneficiamento de empresas privadas e circo para o povão.

Para iniciar eu gostaria de perguntar ao leitor do blog: o que vocês acham que o povo maranhense prefere: ter a sua conta de energia até 50 kWh paga pelo governo estadual ou pagar a tarifa de energia mais barata do Brasil, como a cobrada no Amapá?

O povo do Maranhão paga hoje a segunda tarifa de energia residencial mais cara do Brasil e o Ministro de Minas e Energia, que é maranhense, é político, foi governador do Estado e quer seguir na carreira política, Édison Lobão, nada fez e nem vai fazer para mudar esta injusta situação.

Até parece que ele é ministro apenas para proteger os grandes interesses financeiros do megaempresário Fernando Sarney, manda chuva do setor elétrico brasileiro, com interesses inclusive na Cemar.

A segunda pergunta: o governo vai pagar a conta de água para quem consome até 15 metros cúbicos por mês. O que o povo maranhense prefere: ter a conta até 15 metros cúbicos/mês paga por Roseana ou que o Estado resolva de vez a questão da ampliação do sistema Italuís e a realização de reparos em toda a rede distribuidora?

No ano de 2000, o sexto da primeira administração dos sete anos e três meses de Roseana, a União liberou R$ 300 milhões para ampliar o sistema Italuís. R$ 150 milhões foram entregues para a empresa Gautama, do empresário Zuleido Veras, e os outros R$ 150 milhões foram repassados para a empresa baiana OAS, do sogro do senador Antônio Carlos Magalhães, amigo e aliado histórico da família Sarney.

A obra não foi feita, o dinheiro sumiu e em 2006 uma pequena parte dele voltou ao Maranhão na forma de doação de Zuleido Veras à campanha eleitoral de Roseana.

Não precisa nem dizer que a situação de falta de água, principalmente na capital ficou crônica com o estabelecimento de um revezamento irregular de água para os bairros, que nem sempre funciona a contento.

Logo depois que a governadora biônica assumiu o mandato através do voto autocrático de quatro ministros do TSE, que cassaram os votos de quase 1.400.000 eleitores maranhense, ela e seu tresloucado secretário de Saúde, afirmaram que a situação de falta de água persistia por causa de más administrações na Caema nos governos de José Reinaldo Tavares e de Jackson Lago.

Sobre os R$ 300 milhões entregues à OAS e à Gautama, nem um pio sequer. Tentaram passar uma borracha no passado!

E depois veio a novidade: Ricardo Murad anunciou outro convênio com a União no valor de R$ 255 milhões para ampliar novamente o sistema Italuís.

Em 2000 a Gautama e a OAS levaram R$ 300 milhões, resta saber agora como esses R$ 255 milhões irão para o ralo?

Roseana anunciou também a volta do programa 1.° Emprego. A proposta em si é muito boa, mas na primeira experiência os estagiários ficavam de três a seis meses trabalhando e depois eram dispensados. Muitas vezes novos estagiários do 1.° emprego era chamados e muitos não ficavam nos empregos por falta de qualificação profissional.

A volta do programa com investimento do estado na formação profissional dos jovens era o caminho mais correto para sanar os problemas da experiência anterior.

Mas o que fez de concreto Roseana Sarney?

Ela encaminhou recentemente sua proposta orçamentária de 2010 para a A. L. e cortou nada mais, nada menos do que 86,4% da função trabalho em relação ao orçamento enviado por Jackson Lago em 2009.

Em 2008 Jackson enviou um orçamento para a A. L. que foi aprovado. Ele destinou R$ 52,9 milhões, 1,33% do orçamento total do Maranhão para a pasta do Trabalho.

Passou-se um ano, Jackson foi cassado e Roseana assumiu seu mandato biônico com o seguinte lema: “Maranhão, de volta ao trabalho”.

Para comemorar sua volta, qualificar a juventude para o programa 1.° emprego e para a refinaria que está chegando, ela destinou R$ 7,2 milhões para a secretária do Trabalho chefiada pelo petista-sarneysista José Antônio Heluy.

E ela tem a cara de pau de dizer que vai qualificar nossa juventude cortando 86,4% do orçamento de Jackson Lago para 2009!

A mesma coisa aconteceu com a pasta de Ciência e Tecnologia, ocupada hoje pelo deputado federal Waldir Maranhão, mais conhecido como “Waldir, o Breve”.

Sua secretária na gestão do professor Othon Bastos teve uma dotação de R$ 21,4 milhões no orçamento de 2009. Já Maranhão, que substituiu Bastos em abril passado, viu sua dotação para 2010 diminuir para R$ 19,7 milhões, numa perda de R$ 1,7 milhão ou menos 7,94%.

Até a superpasta da Educação que em 2008 teve uma dotação de R$ 1, 348 bilhão chegando quase aos sonhados 25% de dotação (chegou a 24,38%), perdeu a bagatela de R$ 210 milhões no orçamento enviado pó Roseana a A. L.
Percentualmente a perda foi pequena (1,44%), pois retrocedeu de 24,38% para 22,94%.

Agora fica uma terceira e definitiva pergunta; se as pastas do Trabalho, Ciência e Tecnologia e Educação perderam juntas cerca de R$ 257 milhões para onde foi esse dinheiro se a receita prevista para 2010, aumentou em 15% em relação ao orçamento enviado por Lago em 2009?

É muito fácil de responder, pois as pastas de Saúde e de Comunicação aumentaram muito as suas participações no orçamento de 2010.

Só para ser ter uma idéia dos desatinos praticados por Roseana que seqüestrou dinheiro deixado por Jackson Lago através de convênios assinados com dezenas e dezenas de municípios, vou elencar a seguir alguns cortes abruptos feitos por Roseana;

1- Cortou todo o dinheiro conveniado por Jackson com o município de São Luís que garantiria ao prefeito João Castelo realizar obras vitais (viadutos, pontes, túneis, asfaltamento de ruas nos bairros, alongamento de avenidas, construção de novas avenidas e aumento do número de terminais de integração na cidade) para melhorar o trânsito caótico da capital;

2- Cortou toda a verba para a construção do Hospital de Urgência e Emergência em Pinheiro, nos moldes do Socorrão de Presidente Dutra, construído e inaugurado por Jackson Lago, que atenderia a mais de 40 municípios da baixada maranhense;

3- Corte linear no repasse das verbas do SUS para municípios pólos das regiões do Estado, utilizando critérios políticos para decidir quem ficava com a verba e quem teria a verba diminuída. Este corte causou o fim da prestação de muitos serviços públicos de saúde de qualidade, como no caso de Porto Franco; e

4- Corte da verba repassada para o consórcio de municípios da baixada que iria fazer um trabalho de recuperação de armazenagem e represamento de água e para criatório de peixes na baixada, que beneficiaria dezenas de municípios.

Outras prioridades foram selecionadas nas áreas de saúde:

1 – Construção de 64 novos hospitais em menos de um ano para garantir o investimento de cerca de R$ 350 milhões em obras que serão feitas por empreiteiras sem qualquer tipo de licitação e escolhidas a dedo pelo próprio Ricardo Murad. A construção de novos elefantes brancos é combatida frontalmente pelas maiores e mais importantes lideranças da área de saúde pública do Brasil;

2 – Terceirização dos serviços laboratoriais do Estado desde a coleta de material até a realização de exames pelos laboratórios privados da cidade, como o próprio Inlab que tem como um de seus sócios o médico Fernando Silva, amigo íntimo de Ricardo Murad e secretário-adjunto da saúde;

3 – Contratações de empresas privadas para administrar hospitais públicos como a Cruz Vermelha do Brasil e o ICN - Instituto de Cidadania e Natureza; e

4 - Celebração de contrato com empresa que aluga aviões e helicópteros com a desculpa esfarrapada de transportar doentes e fiscalizar o andamento da construção de 64 novos hospitais. Vamos ficar de olho desde agora como o deputado Ricardo Murad vai se deslocar pelo Maranhão na campanha eleitoral de 2010, depois de se descompatibilizar do cargo de secretário de Saúde em abril do ano que vem

A queda da qualidade na prestação de serviços na área de saúde pública devido à combinação de todas essas medidas desastradas era inevitável.

Funcionários da Maternidade Marli Sarney, no bairro da COHAB, em São Luís, foram demitidos depois que a Cruz Vermelha do Brasil assumiu a administração daquela maternidade.

Remédios caros e de uso contínuo para portadores de doenças graves e degenerativas não estão sendo mais entregues.

No Maranhão existem mais de mil doentes renais crônicos que necessitam tomar um remédio chamado Renagel para controlar os níveis de fósforo no sangue. O remédio não é vendido em farmácias comerciais e é repassado gratuitamente para os doentes renais crônicos.

É um remédio caro custeado por dinheiro da União, dos estados e dos municípios. Segundo soube o remédio não é distribuído há mais de três meses por falta de repasse da participação financeira do estado do Maranhão.

Dinheiro para construir 64 novos hospitais desnecessários; para terceirizar serviço laboratorial privado de amigos e liquidar o serviço público laboratorial; para contratar empresas privadas para administrar hospitais públicos; e para alugar aviões e helicópteros tem de sobra.

Para distribuir remédios essenciais para doentes da próstata, portadores de tumores, problemas estomacais graves, para cardiopatas, doentes renais crônicos e para pessoas transplantadas que correm perigo real e imediato de seus novos órgãos serem rejeitados, não existem verbas disponíveis.

Essas são as prioridades de Ricardo Murad.

Outro setor que viu sua participação no orçamento do Maranhão crescer assustadoramente em 2010 foi a da pasta de Comunicação.

Ontem a noite mesmo quando fazia este texto e assistia a TV Mirante ao mesmo tempo, percebi que a emissora pertencente aos três irmãos Sarney (Roseana, Fernando e Zequinha) veiculou pelo menos oito vezes um anúncio publicitário do governo do estado sobre o programa Minha Gente (Conta paga de luz e de água, programa 1.° emprego e ajuda na construção e reforma da casa própria).

No horário nobre da TV Globo, oito comerciais de 30 segundos veiculados durante o Jornal Local, novela das sete, Jornal Nacional, novela das oito, Casseta e Planeta e na mini série “Cinquentinha”, não deve sair por menos R$ 20 a 30 mil por dia.

O interessante é que em outro aparelho de TV estava acompanhando a programação da Bandeirantes, Record e SBT e em nenhuma das redes o mesmo anúncio do governo estadual foi veiculado.

Ainda vou fazer o levantamento exato do que já foi pago ao Sistema Mirante desde abril passado, mas logo que tiver a quantia certa, divulgarei neste espaço.

Um comentário:

  1. É Marcos,
    Foi esse o objetivo da quadrilha de "honoráveis bandidos", que fez de tudo, entregando até a alma ao "coisa ruim", para convencer quatro imbecis do TSE, a dar o golpe no Governo Legítimo do Maranhão entregando à derrotada, para assaltar os cofres do Estado. Ela paga e ela mesma recebe. Infelizmente, esse País é manobrado por corruptos.

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