quinta-feira, 27 de maio de 2010

E a procissão de ambulãncias continua no Maranhão...

Na última quarta-feira à noite estava assistindo o canal 10 de São Luís (TV Mirante/Globo), quando começou o Jornal da Mirante, 2.ª edição.

A primeira matéria do jornal mostrava a superlotação de crianças doentes no Hospital Materno-Infantil da capital, que faz parte do Hospital Universitário da UFMA.

O repórter da TV Mirante disse que o Ministério Público Federal está cobrando da direção do Hospital Materno-Infantil providências para sanar o grave problema de superlotação.

Uma profissional de saúde que trabalha naquele hospital estava próxima a mim e comentou: “Todos os dias chegam novas crianças doentes de todo o interior do Maranhão e já vi criança deitada até nas mesas em que os médicos fazem consulta. Duas ou mais crianças esperando atendimento em uma mesma maca pelos corredores ou crianças dividindo um mesmo leito já é de praxe, tamanha a procura das mães aflitas com filhos doentes”, disse a técnica de enfermagem.

Veja abaixo as fotos de ambulâncias de três cidades do interior (Santa Helena e Pinheiro na Baixada Maranhense, e Chapadinha, na região do Baixo Parnaíba) estacionadas em frente ao Hospital Materno Infantil de São Luís e tinham acabado de deixar crianças doentes no local.



Ambulâncias que transportaram crianças doentes que poderiam ter sido atendidas no Socorrão da Baixada, em Pinheiro




Ambulância que transportou criança doente que poderia ter sido atendida em Chpadinha se ela tivesse serviço médico de média complexidade


Essas fotos foram tiradas pelo fotógrafo da Assessoria de Comunicação do Hospital Universitário Presidente Dutra, de São Luís, em um período de apenas uma hora que dá a idéia exata do drama cotidiano da procissão de ambulâncias pelo Maranhão, fato que o governador cassado, Jackson Lago, sempre criticou em sua vida pública.

E o pior é que esta superlotação dos hospitais públicos da capital maranhense sejam eles federais, estaduais ou, principalmente, os dois socorrões municipais de São Luís, acontece em todo o lugar.

Até os cinco “socorrinhos” de São Luís que antes registravam pouca procura, já também estão ficando superlotados.

A culpa desta situação, que só tende a se agravar é da política de saúde irresponsável adotada a partir da segunda quinzena de abril de 2009, quando a biônica Roseana Sarney assumiu o governo e nomeou seu cunhado, Ricardo Murad para secretário de Saúde.

A dupla Sarney&Murad desmontou todo o trabalho realizado por Jackson Lago em dois anos, que estava começando a reorganizar o sistema de saúde pública do Estado.

Para começar foram seqüestrados quase R$ 152 milhões (ver matéria anterior do blog, postada hoje) depositados nas contas bancárias, que tinham sido liberados por Jackson para o setor da saúde de dezenas de municípios, através de convênios.

Esse dinheiro foi liberado por Jackson para a compra de ambulâncias para 55 municípios (R$ 10,1 milhões); aquisição de equipamentos para 28 municípios (R$ 18,5 milhões); para construir novos hospitais e reformar e ampliar hospitais já existentes em 30 municípios (R$ 45 milhões); para obras de saneamento básico em 56 municípios (R$ 58,5 milhões); e para financiar ações de saúde em 26 municípios (R$ 19,7 milhões).

Com esse dinheiro seriam iniciadas ainda em 2009 a construção do Socorrão de Imperatriz (R$ 21 milhões) e o da Baixada Maranhense, em Pinheiro (R$ 10 milhões), que deveriam estar sendo inaugurados agora, no 1.° semestre de 2010.

Os Socorrões de Pedreiras e de Balsas deveriam iniciar obras agora no começo de 2010 e com previsão de entrega das duas unidades para o 1.° semestre de 2011.

Além dos novos Socorrões, o governo Jackson estava aumentando o investimento para financiar o aumento da qualidade e da quantidade dos serviços básicos e de média complexidade de saúde oferecidos em hospitais, centros e postos de saúde já existentes de cidades pólo como Porto Franco, Estreito, Caxias, Coroatá, Chapadinha, Açailândia, Santa Inês e Bacabal entre outras.

Todos esses novos Socorrões (Pinheiro, Imperatriz, Pedreiras e Balsas) seriam construídos nos moldes do Socorrão de Presidente Dutra.

Construído e entregue por Jackson, aquele Socorrão mantém serviços de clínica médica, pediatria, cardiologia, traumo-ortopedia, cirurgia geral, neurocirurgia.

Dotado de um moderno centro cirúrgico que possibilita a realização de até quatro operações simultâneas, o Socorrão de Presidente Dutra tem 100 leitos, 12 vagas na UTI e área construída de 5.317 metros quadrados. Conta ainda com equipamentos modernos de última geração como raios-X, tomografia computadorizada e ultra-som.

Em abril de 2009 o Socorrão do interior foi inaugurado com previsão para atender cerca de 340 mil moradores de 34 municípios. Hoje seu raio de ação já se estende para mais de um milhão de maranhenses que moram em 50 municípios dos Cocais e região central do estado.

A idéia de Jackson era descentralizar o atendimento de urgência e emergência estadual para evitar a procissão de ambulâncias pelas estradas maranhenses e desafogar a já saturada rede de saúde pública de São Luís e de Teresina, no Piauí.

Em entrevista telefônica a este blog, Lago disse que “...recentemente estive em Presidente Dutra e visitei o Socorrão. Conversei com vários médicos, inclusive com um neurocirurgião, e vi como é importante ter no interior do estado serviços especializados de alta complexidade que antes só eram feitos em São Luís e Teresina...”.



Jackson queria acabar com a procissão de ambulâncias

O governador deposto pelo golpe de Abril de 2009 lembrou que “...depositei dinheiro para que as prefeituras de Pinheiro e de Imperatriz construíssem seus Socorrões. Nós iríamos financiar também a construção do Socorrão do Médio Mearim, em Pedreiras, e o do Sul do estado, em Balsas. Assim nós teríamos diminuído essa verdadeira procissão de ambulâncias...”.

Jackson afirmou também que "...os Socorrões de Imperatriz e de Pinheiro deveriam estar sendo inaugurados agora no 1.° semestre de 2010, época em que a construção dos socorrões de Pedreiras e de Balsas deveriam ter suas construções iniciadas, com entrega planejada para o 1.° semestre de 2011...”.

Jackson quando foi violentamente cassado em abril passado, estava colocando em prática um ambicioso e ousado plano de estruturação da Rede Estadual de Atendimento de Urgência e Emergência que seria constituída pelos dois Socorrões de São Luís, o Socorrão de Presidente Dutra e os quatro novos Socorrões (Imperatriz, Pinheiro, Pedreira e Balsas).

Lago finalizou dizendo que "...esta é uma questão central do atendimento de saúde do estado. Cada região tendo a capacidade de atender os problemas, inclusive os alta complexidade na própria região..".

Essa rede combinada com os hospitais e centros de saúde dos municípios pólo equipados, com profissionais qualificados e bem remunerados e com recursos para a manutenção de serviços de saúde básicos e de média complexidade, daria um salto de qualidade histórico no atendimento médico hospitalar oferecido a milhões de maranhenses.

Esse sonho seria realidade se o golpe de abril de 2009 contra a democracia não tivesse acontecido.

E o que Roseana & Ricardo fizeram em treze meses de governo biônico?


Dupla Sarney & Murad desorganizou o sistema de saúde pública do Maranhão



Destruíram todo o trabalho feito por Jackson e investiram R$ 350 milhões confiscados dos cofres de dezenas e dezenas de municípios em um plano chamado “Viva Saúde”, que previa a construção de 78 novos hospitais em todas as regiões do Maranhão.

Sem qualquer tipo de licitação, Ricardo Murad escolheu dezenas de empreiteiros ao seu bel prazer para iniciar a construção de pequenos (20 leitos) e médios (50 leitos) hospitais. Nenhuma dessas unidades está perto de ser finalizada e o que corre à boca pequena nos corredores da Secretaria de Saúde é que o dinheiro desses hospitais já acabou e não existem recursos extras no orçamento estadual para finalizá-los.

Murad também cortou em até 60% o dinheiro do SUS repassado para o custeio das ações de saúde em cidades pólo como Caxias, Imperatriz, Porto Franco e dezenas de outros municípios.

Em São Luís, Murad determinou o fechamento para a reforma dos PAM’s do bairro Diamante e o da Cidade Operária, a diminuição do atendimento no Hospital da Vila Luizão e do IPEM, além da diminuição das especialidades oferecidas pelo Hospital Geral, os três últimos da rede estadual de saúde pública.

Em Coroatá, cidade que é a principal base política de Murad e é administrada por um adversário político, Luis da Amovelar, do PT, Ricardo cometeu o desatino de paralisar as atividades de um hospital estadual que atendia muito bem a população da região para iniciar uma absurda reforma, que praticamente destruiu aquela unidade de saúde pública.



Hospital estadual de Coroatá foi desativado e colocado abaixo por ordem direta de Ricardo Murad


Ação tresloucada de um verdadeiro doidivanas!





Como se não bastasse, Ricardo também privatizou o atendimento laboratorial dos hospitais estaduais da capital, para privilegiar laboratórios privados e entregou a administração destes hospitais para empresas privadas, disfarçadas de ONGs ou fundações.

Se não existem mais recursos para acabar a construção dos 78 hospitais do projeto “Viva Saúde”, imaginem só se existiriam verbas para equipamentos, contratação de profissionais de saúde qualificado (médicos, enfermeiras e técnicos de enfermagem) e custeio de ações de saúde?

Se os hospitais ficassem prontos, o que eu não acredito, os municípios iriam receber prédios vazios e teriam que se virar por conta própria para equipar, contratar pessoal e ter dinheiro para custeio das ações básicas e de baixa e média complexidade.

Verdadeiros presentes de grego para os prefeitos!

Se houvesse um Ministério Público Estadual atuante e independente no Maranhão, esses desatinos na saúde seriam investigados e os responsáveis seriam denunciados.

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