quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Grupo Sarney ameaça Aderson Lago

O ex-deputado estadual Aderson Lago ocupou uma cadeira na Assembléia Legislativa do Maranhão por quatro mandatos consecutivos.

Eleito na primeira vez em 1990, ele só deixou a AL no final de 2006 porque se candidatou a governador do Maranhão pelo PSDB.

Eu cheguei a São Luís em 16 de agosto de 1988 e passei a acompanhar as sessões da AL a partir de maio de 1992, quando passei a ser correspondente do jornal Folha de São Paulo no Maranhão, onde atuei até outubro de 1994.

Nestes dezessete anos que assisto às sessões na AL, eu não lembro de qualquer outro deputado com a capacidade intelectual e o dinamismo com que Aderson atuou naquela casa.

Profundo conhecedor do regimento interno da AL, Lago foi uma verdadeira pedra nos sapatos dos governadores Edison Lobão, José de Ribamar Fiquene e Roseana Sarney.

Fiscal implacável das ações destes três governadores, são de Aderson denúncias que passaram para a história política do Maranhão como no caso do chinês Chhai Kwo Chheng e a Cooperativa Têxtil de Rosário; o projeto Salangô, de irrigação em São Mateus; a estrada fantasma MA008, que deveria ligar Paulo Ramos a Arame; o contrato do telensino quando Roseana pagou R$ 100 milhões à Fundação Roberto Marinho para substituir professores de ensino médio; o empréstimo de R$ 333 milhões para sanear o BEM e vendê-lo ao Bradesco por R$ 78 milhões; o golpe de R$$ 44 milhões dados pela USIMAR; a privatização da CEMAR; a aplicação e perda de recursos da CAPOF no Banco Santos; o caso Lunnus; entre outros vários escândalos promovidos pela filha dileta de José Sarney e seu ambicioso marido.

Exatamente por esta atuação destacada de Aderson Lago é que em 1998 Jorge Murad tentou tirar a reeleição de Lago, financiando deputados da base aliada sarneysista para aliciar vereadores, cabos eleitorais e prefeitos que apoiavam Aderson no interior do Estado do Maranhão.




Aderson teve uma participação destacada na campanha eleitoral de 2006, quando os programas do PSDB desmitificaram e desconstruíram a imagem de Roseana como administradora pública.

Depois como chefe da Casa Civil do governo Jackson Lago. Aderson contribuiu muito para o sucesso da administração estadual, principalmente no interior do Estado.

Exatamente por causa desta atuação destacada, a governadora Sarney disse recentemente que Aderson Lago estava prestes a ser preso por supostas irregularidades cometidas no governo Jackson.

Além da ameaça de prisão, surgiram ameaças contra a integridade física de Lago de diversas fontes.

Com o que aconteceu no Sindicato dos Bancários no lançamento do livro Honoráveis Bandidos no dia 4 de novembro passado, se faz necessário protegermos a integridade física de Aderson.

No sindicato dos Bancários um grupo de jovens fascistas do PMDB de Sarney tentou impedir que dois jornalistas sexagenários lançassem uma obra admirável que conta toda a história do enriquecimento da família Sarney e a metamorfose de um político regional em presidente da República e atual avalista do presidente Lula.

Se aquele ataque idiota no sindicato na frente de cerca de 800 pessoas foi realizado, imaginem o que esses mesmos políticos podem fazer para impedir a volta de Aderson à Assembléia Legislativa.

O blog publica agora o artigo assinado por Aderson Lago e publicado ontem na edição do Jornal Pequeno, intitulado: "Prisão (ou morte) anunciada"




"Nunca  consegui  esquecer  o  segundo turno  das  eleições  de  1994. Foi  a  maior  fraude  já  feita  no  Maranhão. Fraudaram  mais de  cem  mil votos  para  inverter  o  resultado  das  eleições  e  proporcionar  à  filha  de  Sarney  uma  envergonhada vitoria  contra  Cafeteira  por  pouco  mais  de  dezoito  mil  votos.

Mas  nada  me  chocou  e  impressionou  tanto  quanto  a  tentativa  malograda   de  forjar  um  flagrante  de  porte  de  cocaína  para  a  filha  de  Cafeteira. O  objetivo  era  constranger  o  adversário  na  reta  final  da  campanha  e  influenciar  com  a  propaganda  negativa  o  resultado  da  eleição.

Para quem montou a“operação  Reis  Pacheco “ ( sequestro ,morte  e  ocultação do  cadáver de um  morto-vivo  atribuídos   à Cafeteira ) o  plano frustado  era  apenas  um  aperitivo.

  Já se  passaram  quinze  anos  e  as  práticas  políticas  do  grupo  Sarney  só pioraram. A  violência, que  não  era  utilizada  para  intimidar  e  coagir  os  adversários  passou  a  ser  ferramenta  importantíssima  para  a  consecução  desses  objetivos. Vide  a  noite  de  autógrafos  dos  “Honoráveis  Bandidos “. A  juventude  hitlerista  não  faria  melhor.   

Tenho,  desde  o  início  do  governo  Jackson  Lago  e  com  mais  intensidade  após  o  golpe  judiciário  que  o  afastou  do  poder, sido  o  alvo  preferencial  dos  achincalhes,  dos  insultos  e  das  baixarias  da  mídia  sarneysista. A  ordem  foi  dada  ao  filho  Fernando  pelo  próprio  “ honorável  mor “, José Sarney, conforme  comprovado  nas  escutas  telefonicas da  “Operação  Boi  Barrica “. Esse  é o  modo  Sarney  de  tratar  os  adversários. Portanto, não me  surpreende  a  insistente  e  feroz  tentativa  de  assassinar-me  politicamente.

Mas  parece  que  isso não  tem  sido  suficiente, daí a  necessidade  de   fazer  algo  mais  consistente, mais  definitivo  e  com  “aspecto  legal  “.   Auditorias  especiais  e  inquéritos  são  abertos  e  conduzidos  de  maneira  leviana  e  irresponsável  na  tentativa  de  fazer  de  mim  os  bandidos  que  eles  são. Periodicamente  as  manchetes  e  o  noticiário  dos seus  meios  de  comunicação  me  insultam  e  me  atribuem  crimes  que  nunca  cometi.

A  minha  castração  política, a  desmoralização  como  cidadão  e  até uma  remota, mas  possível  eliminação  física  servirão  de  exemplo  para  desestimular  aqueles  que  teimam  em  não  se  submeter  ao  seu  comando. Aí vem  a  segunda  parte  do  criminoso  plano  urdido  pela  própria  governadora Roseana  Sarney, pelo  secretário Ricardo  Murad  e  pelo  secretário  Raimundo  Cutrim.                                                                                                              




Dias  atrás  a  governadora  vazou  para  alguns  parlamentares  que  eu  seria  preso  nos    próximos  dias. O  secretário  Cutrim  avalizou  a  informação  e  garantiu  sua  execução.   A  intenção  é que  a  informação  chegasse  a  mim.

A  suposição  é de  que  diante  da  prisão  arbitrária  eu  estarei  preparado  para  reagir  com  violência  ensejando  uma  oportunidade  para  ser  espancado  ou  conforme  a  intensidade  da  reação  até ser  morto  pelos  executores  da  ação. É lógico  que  uma  arma  de  fogo  seria “ plantada “ para  justificar  a  reação  descontrolada  dos  que  forem  me  prender.

Ao  longo  dos  quatro  mandatos  exercidos  como  deputado  estadual  participei  ativa  e  intensamente  das  atividades  parlamentares  e  dos  debates  políticos  do  meu  estado. Jamais  recebi  uma  ameaça  ou  me  senti  inseguro  quanto  à minha  integridade  física, mesmo  no  auge  da  CPI  do  Crime  Organizado. Infelizmente, hoje, não  é esse  o  ambiente  que  respiro. 

As  práticas  próprias    dos  regimes  de  excessão  que  se  implantaram  no  Maranhão  desde  o  golpe  que  retornou  os  Sarney  ao poder  nos  remetem  a  dias  cada  vez  mais  sombrios. Com  muito  mais  intensidade  reimplantou-se  a  cultura  do  medo. Os  adversários  e  os  que   reagem  à cooptação  são  ameaçados  de  todos  os  modos  e  por  todos  os  meios. Ora  é a  polícia  política  que  foi  montada  pelo  Secretário  Raimundo  Cutrim,   ora  são  as  ações  que  tramitam no  Tribunal  Eleitoral,  ora  são  as  contas  dos  prefeitos  e  gestores  que  estão  no  Tribunal  de  Contas  do  Estado. Até mesmo ações  na  justiça  comum    são  utilizadas  como  instrumento  para  ameaçar,  punir  ou  cooptar.

Tudo  isso  é possível  graças, como  gostam  de  deixar  transparecer, ao  poder  e  influência  que  exercem  em  todas  as  esferas  da  Justiça  no  Maranhão  e  em  Brasília. A  par  de  todo  esse  instrumental  é,  também e  principalmente, utilizado  o  formidável  e  inescrupuloso  sistema  de  comunicação  que  possuem. Aliás , disse  o próprio  Sarney  em  entrevista, ele  existe  para  ser  usado  politicamente.

É  nesse  clima  asfixiante  que  vivemos  hoje  no  Maranhão. Onde  imperam  as  escutas  telefônicas  ilegais, as  ameaças  veladas, o  uso da  máquina  pública  em  benefício  pessoal  e  o  mais  despudorado  assalto  aos  cofres  públicos  que  se  tem  notícia. Até porque  com  direito  a  propaganda  nos  meios  de  comunicação  e  completa  blindagem com  relação  à Justiça, conforme gostam  eles  próprios  de  se  jactar. 

São  milhões  de  reais     contratados  sem  licitação  na  Educação,  na  Saúde  e  na  Segurança. É a  farra  dos  novos  Hospitais  para  empreiteiros  generosos, embora  na  contramão  do  SUS. São   estradas  licitadas  no  “combinemos “ entre  construtoras  amigas. Talvez  seja  por  isso  que  alardeiam, até com  certa  ironia : “ de volta  ao  trabalho “ e  “ mãos  à obra  “.

E  porque, mesmo  sem  mandato, nunca  calei  diante  de  tudo  isso é  que  preciso  ser  eliminado, política  ou quem  sabe, até fisicamente. É por  isso  que  chamo  a  atenção  do  Ministério  Público, da  Justiça ,da Assembleia  Legislativa ,da  clase  política  em  geral, da  sociedade  civil  organizada para  o  que  está sendo  urdido, sendo  tramado  em  nome  da  manutenção  de  um  poder  obtido  ilegitimamente. 

Ainda  assim, diante  de  todos  esses  percalços, prefiro  morrer  de  pé do  que  viver  de  joelhos. Tenho a  tranquilidade  dos  que  nada  tem  a  temer  e a paz  de  quem  tem  Deus  ao  seu  lado. Espero  que  esse  seja  o  ânimo  daqueles  que  não  perderam  a  capacidade  de  se  indignar. Portanto, que  Deus  me  proteja, que  os  amigos  me  ajudem  e  que  o  povo  me  apoie,  pois  agora,  mais  do  que  nunca,  a  luta  precisa  continuar. 
 
 
                                                                                   ADERSON  LAGO
                                                                                   Ex. Dep.Estadual"

Nenhum comentário:

Postar um comentário