sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Hospitais de Ricardo não passam de "telessalas"

Quem não lembra o programa que acabou de enterrar a educação do Maranhão, há alguns anos, no governo do mesmo grupo que administra o Estado do Maranhão?

Programa esse que entregou o ensino médio à fundação Roberto Marinho implantado TELESSALAS onde deveriam ter professores concursados.

Estamos diante de absurdo semelhante, mas agora o alvo é outro, apesar de os personagens e os objetivos serem os mesmos.

A Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão, na pessoa de seu Secretário, vem demonstrando que de saúde não entende nada ou é tão mal intencionado que não deixa mais o objetivo de fazer a coisa errada escondido por trás de justificativa alguma.



Charge de Ricardo Murad despachando na Secretaria de Saúde




O que chamo de TELESSALAS da saúde são os tais 64 “hospitais” do Secretário que devem custar 340 milhões de reais e na verdade nem hospitais serão, no máximo poderiam ser classificados como UNIDADES MISTAS.

Não há preocupação sequer de rever a legislação para saber se uma unidade, do tamanho das propostas, pode ou não ser enquadrada como hospital.

Quem conhece saúde sabe que investir em “hospitais” é a maior das demonstrações de ignorância sobre Sistema Único de Saúde que um gestor pode demonstrar.

Na verdade se o senhor Secretário e seus assessores entendessem de saúde, saberiam que os leitos que se encontram desativados no interior do Estado, e só para citar temos Grajaú, Barreirinhas e Cachoeira Grande que possuem três excelentes hospitais desativados, são suficientes para atenderem a demanda das regiões em que se encontram.



Investir em “hospitais” é negar a própria historia de construção do SUS. Ir contra a luta para diminuir as internações em função do incremento da Atenção Básica à Saúde.

Um paciente que chega a qualquer hospital com agravos provocados pelo diabetes, por exemplo, se fosse devidamente acompanhado desde o inicio por uma equipe do PSF provavelmente não chegaria a esse ponto e não precisaria de internação.

O mesmo se pode dizer de hipertensos, tuberculosos, hansenianos e aí por diante.

Quem entende de saúde investe em Atenção Básica e isso já é feito em outros Estados, inclusive do Nordeste, como é o caso do Ceará que foi um dos pioneiros nesse sentido e hoje, depois de mais de vinte anos, colhe os frutos da organização e da boa fé de seus administradores.

Não é difícil prevê o destino dos tais 64 “hospitais”, pois quem irá mantê-los após as inaugurações?

Quem vai bancar os profissionais necessários aos seus funcionamentos?

Quem vai adquirir ambulância para o deslocamento dos pacientes quando os casos não forem resolvidos?

Os laboratórios privados que estão no “esquema” aqui em São Luis irão para o interior?

O Prefeito que tivesse um mínimo de responsabilidade não aceitaria a instalação de um desses “hospitais”. 

O destino deles é, irremediavelmente, fechar deixando o prejuízo para o povo maranhense.

Tais quais as TELESSALAS, o efeito, desses 64 ”hospitais”, vai ser catastrófico, com um agravante: enquanto as TELESSALAS fabricaram milhares de analfabetos funcionais, os 64 “hospitais” fabricarão milhares de inválidos e DEFUNTOS. 

Luís Marcelo Vieira Rosa 

Presidente
Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Maranhão

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