terça-feira, 8 de junho de 2010

Governo Roseana: "Mídia e desconstrução do Sistema Único de Saúde"

O blog de Roberto Kenard publicou recentemente entrevista com o ex-governador Jackson Lago. Ele falou sobre vários temas palpitantes. Falou das conquistas de seu governo; da greve de professores; da desmontagem do SUS no Maranhão, levada a cabo pelo atual governo; do superavit financeiro de sua gestão; sobre as grandes obras iniciadas no seu governo e agora se encontram paralisada, como o PAC do Rio Anil; e sobre a importância da participação da sociedade civil maranhense nos foruns de debates e de escolha de prioridades na ação governamental.

Lago disse que o governo de Roseana possui só duas vertentes de atuação: investir pesado na mídia, para passar a imagem de um Maranhão virtual que não bate com a realidade do Estado; e desrespeitar e desconstruir o Sistema Único de Saúde no Maranhão.

Leia a entrevista:

"Pergunta – O senhor, quando governador, parecia confiante na não cassação do mandato. É verdade? A ser verdade, isso não atrapalhou na estratégia de defesa?

Jackson Lago – Sim, é verdade. Era impensável que alguém que não exercia qualquer cargo público e desprovido de recursos financeiros pudesse ser cassado por compra de voto e influência de poder político e econômico. Compareci a uma festa de aniversário da cidade de Codó convidado pelo então prefeito da cidade, do meu partido, e a esta festa compareceram também o então governador José Reinaldo e o candidato do seu partido a governador, o Ministro Edson Vidigal. Naquela oportunidade em público o então governador e prefeito da cidade assinaram um convênio do Estado com o município como determina a constituição exigindo transparência e publicidade das ações públicas. Todos sabem que o Golpe do Judiciário traduziu a não aceitação por parte da família Sarney da vontade popular que utilizou suas relações construídas ao longo de quase meio século de conluio entre as elites dominantes do nosso país.

P – Os professores não tiveram as reivindicações atendidas pelo seu governo e acabaram fazendo uma longa e desgastante greve. Como os professores não só votaram no senhor em 2006, mas foram grandes cabos eleitorais, a atitude do seu governo não foi um grave erro político?

JL – A condução do processo de discussão das reivindicações do professorado apresentou equívocos dos dois lados. O governo confiado nos salários mais elevados do país que pagava aos professores e dirigentes sindicais fascinados pelo acesso à grande mídia da família Sarney, que historicamente houvera sempre se portado contra as reivindicações dos trabalhadores. Passada a emoção, embora com a compreensão dos equívocos, também temos o conforto dos grandes avanços no campo da educação, quer na quantidade e qualidade das escolas, no avanço pedagógico, no nível salarial possível, na progressão de milhares de professores e na dignificação da gratificação de diretores de escolas.

P – Com a sua cassação, confirmou-se que os cofres do governo estavam abarrotados de dinheiro. Dinheiro que acabou nas mãos da atual governadora. Como havia a possibilidade da cassação desde o primeiro dia de seu mandato, não era o caso de ter espalhado obras por todo o Maranhão, uma vez que se a cassação viesse pelo TSE, o senhor voltaria tranquilamente pelo voto?

JL – É verdade que a eficiência e a correção elevaram a receita do Estado, como também é verdade que espalhamos desde os primeiros dias de governo obras descentralizadas, via convênios municipais ou obras próprias do Estado em todas as regiões do Estado. Estradas e muitas estradas foram construídas, várias concluídas e várias em execução pelo Estado afora. Grandes projetos foram concebidos para a capital São Luis, inclusive o Projeto Rio Anil, a maior iniciativa social e urbanística de toda a sua história, que foi iniciada e que se concluída ao final de três anos, beneficiaria diretamente 55 mil pessoas e indiretamente cerca de 200 mil pessoas residentes nos 13 bairros da abrangência do projeto situados à margem esquerda do Rio Anil. E o segundo pjeto estrutural que conveniamos com a Prefeitura de São Luís no valor de R$ 150 milhões permitiria que a prefeitura construísse dois viadutos, duas avenidas, ampliasse a Litorânea e urbanizasse muitos bairros da nossa capital. O Projeto Rio Anil está quase parado e os recursos do convênio com a prefeitura de São Luís foram bloqueados na justiça pelo Governo do Estado impedindo que a população de São Luís se beneficiasse de dois importantes projetos. Assim como a governadora confiscou os recursos conveniados com dezenas de municípios. Aí sim, ela ficou com os cofres abarrotados de recursos.

P – O senhor apóia a candidatura de José Serra. Acredita que se ele vencer a disputa pela Presidência da República e a oposição vencer no Maranhão, as relações entre Governo Federal e Governo do Estado serão diferentes?

JL – Sim. As relações, esperamos, serão respeitosas, orientadas no interesse da população do Estado e não nos interesses econômicos dos grupos de fora e no do conhecido grupo daqui.

P – Em todas as pesquisas de intenção de voto, o senhor aparece em segundo lugar. Mas, se houver segundo turno e o senhor não estiver nele, o senhor irá vestir a camisa e fazer campanha para o candidato de oposição?

JL – Sim, sempre foi assim e nunca votei na família Sarney e apoiarei sempre quem se dispuser a combater os métodos que mantém o Maranhão no atraso.

P – Qual sua visão desse um ano de governo Roseana Sarney?

JL – Só duas coisas acontecem, uma a mídia que apresenta um governo fictício, muitas vezes até apresentando resultados de ações do nosso governo e a outra um desrespeito e desconstrução do SUS- Sistema Único de Saúde no Estado, com grandes negociatas na área da construção irracional, levando como conseqüência a falta de assistência à saúde sentida pela população de todos os municípios. Desmonte este que acontece nos demais setores da administração pública.

P – Num olhar retrospectivo, o que o senhor fez quando governador que não faria mais?

JL – Não repetiria ações de um governo convencional e aprofundaria o estímulo às organizações populares para que elas passassem efetivamente a ser uma força viva em um governo verdadeiramente democrático e popular."

Um comentário:

  1. Quem fala o que quer, ouve o que não quer, já dizia a minha bisavó. De palavra e texto, Jackson até que tem bons argumentos, mas Roseana TEM OBRAS.

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