quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Lula quer aparecer como benfeitor de todas as classes, tal qual Luís Bonaparte

O historiador Marco Antônio Villa, da Universidade Federal de São Carlos, UFSC/SP, publicou hoje na página 3 do jornal Folha de São Paulo artigo de opinião em que compara o presidente Lula ao imperador francês Luis Bonaparte.

Leia o artigo:


"O MAIOR PERSONAGEM da eleição não é candidato: Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje é o grande cabo eleitoral não só da sua candidata mas de toda base governamental. Chegou a esta condição contando com o auxílio inestimável da oposição.

No primeiro mandato teve sérios problemas, como na crise do mensalão. A oposição avaliou -erroneamente- que seria menos traumático e mais fácil deixá-lo nas cordas, para nocauteá-lo em 2006.

As saídas de José Dirceu, Antonio Palocci e Luiz Gushiken deram a Lula o protagonismo exclusivo. Só então teve condições de governar como sempre desejou.

A troika limitava sua ação e dividia as atenções políticas. Dava a impressão de que o chefe de Estado não era o chefe do governo.

A crise foi providencial para Lula: libertou-se do aparelho partidário, estabeleceu alianças como desejava e passou a ser a âncora exclusiva de sustentação do governo.

O segundo mandato, na prática, começou no início de 2006. A oposição mais uma vez evitou o confronto direto. Avaliou -erroneamente, novamente- que seria melhor manter os governos estaduais de São Paulo e Minas, transferindo o enfrentamento direto com Lula para 2010.

Em um terreno livre, Lula teve condições únicas para um presidente nos últimos 40 anos: estabilidade política, crescimento econômico e controle do Congresso.
As CPIs, que criaram problemas no primeiro mandato, perderam importância. Os frutos da estabilidade e uma conjuntura internacional favorável possibilitaram um rápido crescimento da economia e a expansão do consumo.

Paulatinamente, Lula foi afrouxando a política fiscal, abandonou as rígidas metas do primeiro mandato, manteve um câmbio artificial, incentivou o capital especulativo e foi empurrando para o próximo presidente uma bomba de efeito retardado.

Abrindo um imenso saco de bondades, ampliou o crédito para as classes C e D, favoreceu as viagens internacionais para a classe média e criou uma nova burguesia -a burguesia lulista- que ampliou o seu poder graças às benesses dos bancos oficiais. Expandiu numa escala nunca vista os programas assistenciais, como o Bolsa Família, e manietou os velhos movimentos sociais comprando suas lideranças.

Tal qual Luís Bonaparte, Lula "gostaria de aparecer como o benfeitor patriarcal de todas as classes". Foi ajudado pela oposição, sempre temerosa de enfrentar o governo. Usando uma imagem euclidiana, Lula "subiu, sem se elevar -porque se lhe operara em torno uma depressão profunda".

Ele almeja transformar o 3 de outubro no seu 18 Brumário."

Um comentário:

  1. Artigo bem articulado, só não concordo com a afirmação de que Lula criou uma BURGUESIA LULISTA. é profundamente dificil para alguns expoentes e determinados segmentos da sociedade Brasileira reconhecer as virtudes de Presidente que veio da classe trabalhadora.è mais fácil traçar perfis e criticar. Não sou filiado a nenhum partido politico, muito menos tenho ou tive cargo comissionado, mais como cidadão Maranhense reconheço o trabalho que Lula tem feio em todo Brasil. Discordo de algumas praticas do governo Lula, como a corrupção, apoio escuso da Familia Sarney, Renan, Jader e outros. Em comparação com a era TUCANA-DEMO 1994 a 2002, a gestão Lula foi 100% melhor, contra numeros/dados não há argumentos. Ascemiro Junior - ascemirojunior@hotmail.com

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