terça-feira, 20 de julho de 2010

Besteira dita por Índio da Costa não agregou um voto sequer para Serra

Leiam as duas últimas postagens do blog do historiador Marco Antônio Villa, da Universidade Federal de São Carlos, UFSC/SP, sobre a polêmica e reacionária declaração dop deputado federal Índio da Costa (DEM/RJ), candidato a vice-presidente de José Serra, sobre a relação do PT com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias dda Colômbia), movimento guerrilheiro, de orientação maoista, que adotou a luta armada como forma de se opor ao governo daquele país.




Na minha opinião Costa (foto à esquerda) perdeu uma grande chance de ficar calado, pois sua declaração desastrada não soma um voto à candidatura de Serra. Pelo contrário o falastrão carioca pode afastar de Serra aqueles eleitores que sempre votaram na esquerda, mas não querem mais votar no PT por causa do mensalão e da relação de Lula com Sarney, Renan, Jáder e Collor, entre outros políticos conservadores e corruptos do Brasil.

Esse voto pode acabar desaguando em Marina Silva, do PV, e residualmente em Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL.

Leiam as duas postagens de Villa:

1.ª postagem de 19 de julho de 2010:

"Várias pesquisas estão sendo divulgadas nos estados. Algumas são curiosas.

No Acre, Serra lidera, seguido por Marina e Dilma está em terceiro, mesmo tendo o candidato ao governo do PT (Tião Viana) em primeiro. Serra também lidera no Espírito Santo.

Mas o caso mais interessante é o de Minas. Hélio Costa pode ganhar no primeiro turno (pode, mas não vai ocorrer, óbvio - tem muita camapnha pela fgrente), Aécio lidera disparado para o Senado e Dilma empata com Serra (mas estando um pouco à frente). Aécio tem de entrar em campo, fazer campanha. Caso contrário, perderá suas bases em Minas. Se Hélio Costa e Dilma vencerem, o ex-governador ficará no Senado falando para as moscas. As "bases" vão ser engolidas pelos governos estadual e federal. Como não é bobo, Aécio deve logo arregaçar as mangas e trabalhar muito pela vitória de Anastasia e Serra. O seu projeto político passa pela vitória dos dois, principalmente de Serra. Perdendo o governo estadual mas tendo presença no governo federal, ainda poderá de Brasília retomar suas bases.

Sobre o "caso Índio". O candidato foi infeliz. É ingênuo. Deve ainda estar fascinado pelas luzes.

O PT não tem relação com o narcotráfico mas é simpático às Farc, isto todo mundo sabe. Basta ler os documentos do Foro de São Paulo.

Deve ser recordado como o governo brasileiro atacou diplomaticamente Uribe quando da ação contra as Farc. Lembro que o "professor" Marco Aurélio Garcia fez parte daquela encenação da libertação do garoto Emanuel. O garoto não estava mais com as Farc: tinha sido abandonado na casa de um camponês. Era a "libertação" de um refém que não estava mais em seu poder. O governo brasileiro disse (junto com Chavez) que a libertação não tinha ocorrido devido ao descumprimeiro, por parte do governo colombiano, de não movimentar tropas próximo a área da "libertação". Tempos depois a criança foi achada. E o Brasil coonestou a farsa.

O caso de Índio é típico do presidencialismo brasileiro. Vice não serve para nada. Quer dizer, serve somente para substituir o presidente (artigo 79 da Constituição). Na eleição serve para compor as alianças políticas. O cargo não tem qualquer atribuição (e nem deve ter, acho). A Constituição de 1946 ainda dava alguma função ao Vice: presidir o Senado Federal "onde só terá voto de qualidade" (artigo 61)."


2.ª postagem de 20 de Julho de 2010:

"As declarações do Índio da Costa tiveram enorme repercussão. As respostas do PT mostram que o resultado foi obtido. Diversamente do que está (hoje) na imprensa, o PT caiu na defensiva.

Um fato interessante (e que escrevi e falei tantas vezes) é que a oposição não gosta de ser oposição. Oposição tem de atacar o governo. É parte do jogo democrático.

A relação PT/Farc é conhecida. Pode não ser uma relação orgânica. Mas setores do partido apoiam a guerrilha colombiana. Uribe passou maus bocados com a diplomacia brasileira. Mesmo apresentado fatos do envolvimento da Venezuela e Equador, era visto como um direitista, golpista e aliado incondicional dos EUA.

Além do episódio de Emanuel (post anterior), teve a prisão de Fernandinho Beira-Mar e, muitos já devem ter esquecido, a libertação de Ingrid Bettancourt e de outros reféns, quando ao governo brasileiro fez uma crítica indireta ao governo colombiano.

Todo o barulho feito pelo PT significa que o golpe foi acusado.

Este tipo de debate é desenvolvido em um terreno movediço. Qualquer escorregão pode ser fatal. É preciso sempre relacionar o ataque aos fatos e evitar o discurso extremista. No Brasil a direita e a esquerda não tem uma relação saudável com a democracia e seus corolários. Um debate logo vira troca de xingamentos e acusações de baixo nível."

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