Leiam as duas últimas postagens do blog do historiador Marco Antônio Villa, da Universidade Federal de São Carlos, UFSC/SP, sobre a polêmica e reacionária declaração dop deputado federal Índio da Costa (DEM/RJ), candidato a vice-presidente de José Serra, sobre a relação do PT com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias dda Colômbia), movimento guerrilheiro, de orientação maoista, que adotou a luta armada como forma de se opor ao governo daquele país.
Na minha opinião Costa (foto à esquerda) perdeu uma grande chance de ficar calado, pois sua declaração desastrada não soma um voto à candidatura de Serra. Pelo contrário o falastrão carioca pode afastar de Serra aqueles eleitores que sempre votaram na esquerda, mas não querem mais votar no PT por causa do mensalão e da relação de Lula com Sarney, Renan, Jáder e Collor, entre outros políticos conservadores e corruptos do Brasil.
Esse voto pode acabar desaguando em Marina Silva, do PV, e residualmente em Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL.
Leiam as duas postagens de Villa:
1.ª postagem de 19 de julho de 2010:
"Várias pesquisas estão sendo divulgadas nos estados. Algumas são curiosas.
No Acre, Serra lidera, seguido por Marina e Dilma está em terceiro, mesmo tendo o candidato ao governo do PT (Tião Viana) em primeiro. Serra também lidera no Espírito Santo.
Mas o caso mais interessante é o de Minas. Hélio Costa pode ganhar no primeiro turno (pode, mas não vai ocorrer, óbvio - tem muita camapnha pela fgrente), Aécio lidera disparado para o Senado e Dilma empata com Serra (mas estando um pouco à frente). Aécio tem de entrar em campo, fazer campanha. Caso contrário, perderá suas bases em Minas. Se Hélio Costa e Dilma vencerem, o ex-governador ficará no Senado falando para as moscas. As "bases" vão ser engolidas pelos governos estadual e federal. Como não é bobo, Aécio deve logo arregaçar as mangas e trabalhar muito pela vitória de Anastasia e Serra. O seu projeto político passa pela vitória dos dois, principalmente de Serra. Perdendo o governo estadual mas tendo presença no governo federal, ainda poderá de Brasília retomar suas bases.
Sobre o "caso Índio". O candidato foi infeliz. É ingênuo. Deve ainda estar fascinado pelas luzes.
O PT não tem relação com o narcotráfico mas é simpático às Farc, isto todo mundo sabe. Basta ler os documentos do Foro de São Paulo.
Deve ser recordado como o governo brasileiro atacou diplomaticamente Uribe quando da ação contra as Farc. Lembro que o "professor" Marco Aurélio Garcia fez parte daquela encenação da libertação do garoto Emanuel. O garoto não estava mais com as Farc: tinha sido abandonado na casa de um camponês. Era a "libertação" de um refém que não estava mais em seu poder. O governo brasileiro disse (junto com Chavez) que a libertação não tinha ocorrido devido ao descumprimeiro, por parte do governo colombiano, de não movimentar tropas próximo a área da "libertação". Tempos depois a criança foi achada. E o Brasil coonestou a farsa.
O caso de Índio é típico do presidencialismo brasileiro. Vice não serve para nada. Quer dizer, serve somente para substituir o presidente (artigo 79 da Constituição). Na eleição serve para compor as alianças políticas. O cargo não tem qualquer atribuição (e nem deve ter, acho). A Constituição de 1946 ainda dava alguma função ao Vice: presidir o Senado Federal "onde só terá voto de qualidade" (artigo 61)."
2.ª postagem de 20 de Julho de 2010:
"As declarações do Índio da Costa tiveram enorme repercussão. As respostas do PT mostram que o resultado foi obtido. Diversamente do que está (hoje) na imprensa, o PT caiu na defensiva.
Um fato interessante (e que escrevi e falei tantas vezes) é que a oposição não gosta de ser oposição. Oposição tem de atacar o governo. É parte do jogo democrático.
A relação PT/Farc é conhecida. Pode não ser uma relação orgânica. Mas setores do partido apoiam a guerrilha colombiana. Uribe passou maus bocados com a diplomacia brasileira. Mesmo apresentado fatos do envolvimento da Venezuela e Equador, era visto como um direitista, golpista e aliado incondicional dos EUA.
Além do episódio de Emanuel (post anterior), teve a prisão de Fernandinho Beira-Mar e, muitos já devem ter esquecido, a libertação de Ingrid Bettancourt e de outros reféns, quando ao governo brasileiro fez uma crítica indireta ao governo colombiano.
Todo o barulho feito pelo PT significa que o golpe foi acusado.
Este tipo de debate é desenvolvido em um terreno movediço. Qualquer escorregão pode ser fatal. É preciso sempre relacionar o ataque aos fatos e evitar o discurso extremista. No Brasil a direita e a esquerda não tem uma relação saudável com a democracia e seus corolários. Um debate logo vira troca de xingamentos e acusações de baixo nível."
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