O jornalista Wanderley Preite Sobrinho, do site R7, publicou hoje uma matéria sobre a eistência dos partidos nanicos do Brasil.
Para enriquecer a matéria ele entrevistou o historiador Marco Antônio Villa, da Universidade Federal de São Carlos, SP.
Leia a matéria completa do site R7:
"Com pouquíssimas chances de eleger seus candidatos nas eleições, partidos pequenos, ou “nanicos”, costumam ser usados como instrumento para engordar o tempo de propaganda das legendas maiores. Funciona assim: com o tempo extra, os "partidões" ganham fôlego para partir para o ataque contra os adversários nas propagandas de rádio e televisão ou, para não manchar a imagem de seu candidato, podem usar a agremiação de aluguel para o serviço de transformar o horário eleitoral gratuito em um “campo de batalha”.
Neste segundo caso, o partido de aluguel lança um candidato próprio, sem muita expressão, que usa seu espaço na mídia para atacar o adversário de quem o teria contratado.
Com 27 partidos registrados no país, mas apenas cinco ou seis que podem ser chamados de grandes, o cientista político Marco Antônio Villa, professor da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), afirmou ao R7 que os partidos de aluguel são uma “marca brasileira”. Alimentados pelas grandes legendas, eles se multiplicam aproveitando a falta de uma legislação que impeça essa prática "nefasta", segundo Villa.
Leia abaixo a entrevista com Villa.
R7 – O que define um partido de aluguel?
Marco Antônio Villa - São aquelas legendas com estrutura pequena que oferecem seu tempo de televisão no horário eleitoral gratuito a candidatos de grandes partidos. Se um candidato quer atacar outro, mas não quer manchar sua imagem, ele também usa a agremiação de aluguel para o serviço.
R7 - Que tipo de vantagem essas siglas levam?
Villa - Essas legendas sempre recebem alguma vantagem pelo serviço sujo. Pode ser uma vantagem financeira ou mesmo a projeção pública de alguém do partido. O resultado é sempre nefasto para a democracia porque os artifícios são nefastos.
R7 - Isso é uma distorção da democracia?
Villa - O problema brasileiro é a facilidade de criar partidos políticos, que parte do interesse particular de pessoas, não de idéias. Os partidos têm custo para sobreviver, precisam de estrutura. Como os pequenos partidos não têm isso, eles são cooptados pelas legendas maiores.
R7 - Então os grandes partidos também são culpados?
Villa - Para se corromper alguém, é preciso um corruptor. A degeneração de um partido pequeno é provocada por outro de grande envergadura.
R7 - Essa prática também acontece no exterior?
Villa - Isso é comum em sistemas partidários fragmentados, com muitos partidos. É por isso que essa é uma marca brasileira. Aqui temos quase 30 partidos disputando as eleições, o risco é ainda maior.
R7 – E o que pode ser feito para evitar essa prática?
Villa - Legislação e fiscalização. Já avançamos muito. O partido que desqualifica um adversário é obrigado a ceder parte do próprio tempo de TV para que o candidato ofendido se defenda. Mas o bom senso deveria ser o principal mecanismo. Os partidos são criados para trazer ideias, não para alimentar guerra política.
R7 - A cláusula de barreira tentou corrigir isso...
Villa - Ela permitia a sobrevivência dos partidos através do desempenho eleitoral. Quando um partido deixava de ser competitivo, ele teria de ser obrigado a se fundir com outro ou deixar de existir. A lei foi aprovada, mas uma contestação no Supremo feita pela ex-senadora Heloísa Helena (PSOL) invalidou a lei. Isso foi em 2006, quando o PSOL foi fundado.
R7 - Por que os partidos nanicos de esquerda preferem candidaturas próprias? Ainda não inventaram um partido de aluguel de esquerda?
Villa - Os partidos pequenos de esquerda são ideológicos, têm uma bandeira que os justificam. Eles não estão fundados em torno de uma pessoa, como o PRN, que foi fundado para apoiar Fernando Collor nas eleições presidenciais de 1989."
segunda-feira, 12 de julho de 2010
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