quarta-feira, 21 de julho de 2010

Conheça o "novo governo" velho do Maranhão de Duda Mendonça

O marqueteiro Duda Mendonça está tentando vender um produto com data de validade vencida. Parece mais aquela carne meio escura que exala um odor forte ou aquele pão de forma com umas manchas esverdeadas de mofo ou de coisa velha.

Não se assustem não! O Duda não virou açougueiro e nem dono de padaria.

Ele apenas está apresentando a administração biônica de Roseana Sarney como se fosse o “novo governo” do Maranhão.

Em marketing eleitoral vale tudo. Se aposta alto que os eleitores maranhenses, que já passam dos quatro milhões, têm memória curta e não se lembram do que aconteceu na nossa terra nos últimos quinze anos.

Para refrescar a memória popular vou dividir esta quinzena de anos em duas partes, de forma bem pedagógica.

A primeira de Janeiro de 1995 a Março de 2002, eu vou passar a chamar de “novo governo – parte 1”, que durou 87 meses.

Já a segunda parte é bem mais curta. São quinze meses e quatro dias e foi iniciada em 17 de Abril de 2009 e dura até hoje, 21 de Julho de 2010. Vou chamá-la de “novo governo – parte 2” do Maranhão.

No “novo governo – parte 1” do Maranhão, os dois mandatos de Roseana Sarney (1995/1998 e 1999/2002) foram marcados por escândalos financeiros responsáveis pelo sumiço de centenas de milhões de dólares pelos ralos da irresponsabilidade administrativa, da falta de planejamento e de fiscalização do poder executivo e, porque não dizer, da corrupção.

Vamos relembrar algumas poucas histórias até hoje não ou mal explicadas:

1) Estrada fantasma MA -008 de Arame a Paulo Ramos,1995-1996:

Logo no início de sua primeira gestão em 1995, Roseana Sarney mandou pagar alguns débitos (restos a pagar) referentes aos dois governos anteriores (José Ribamar Fiquene, de abril a dezembro de 1994, e Édison Lobão, de janeiro de 1991 a abril de 1994).

Entre esses débitos questionáveis foram pagos R$ 33 milhões para duas empreiteiras (a EIT e a Planor). A segunda tem como sócios Flávio Lima e Gianfranco Perasso, engenheiros que se formaram junto com Fernando Sarney na Escola Politécnica da USP.

Segundo investigações feitas pela Polícia Federal e denúncia realizada pelo Ministério Público Federal em 2008, tanto Lima como Perasso integram uma OCRIM – Organização Criminosa – comandada por Fernando, irmão de Roseana.

As duas empresas deveriam ter construído a MA -008, de Paulo Ramos a Arame. A estrada nunca foi construída e em muitos trechos não passa de uma picada onde só transitam burros de carga;

2) O golpe do pólo têxtil de Rosário, 1996:

No final do ano de 1995 o supersecretário de Planejamento do Maranhão e marido da governadora, Jorge Francisco Murad Júnior, foi buscar no Ceará o empresário natural de Taiwan, naturalizado brasileiro, Chhai Kwo Chheng.

Em 1996 com a ajuda de técnicos do governo estadual, Chheng montou um pólo têxtil na cidade de Rosário e prometeu trabalho e renda para mais de quatro mil famílias, a maioria constituída por humildes trabalhadores e trabalhadoras rurais.

O chinês amigo de Murad organizou 90 grupos de 40 trabalhadores cada e levantou na SUDENE, via BNB, R$ 24 milhões (cerca de 24 milhões de dólares na época) emprestados com três anos de carência e 60 meses para pagar.

Com o dinheiro foram construídos quatro galpões pela construtora Pleno, do empreiteiro Severino Cabral, sócio de Murad em um hotel em Balsas, e adquiridas milhares de máquinas de costura obsoletas e superfaturadas vendidas pela empresa Yamacon Ltda., cujo proprietário era o próprio Chhae Kwo Chheng.

Roseana obrigou o presidente do Brasil de então, FHC, a pagar um grande mico. Em dezembro de 1996 ele esteve em Rosário para inaugurar uma fábrica que nunca funcionou de verdade.

Em 1997 o empresário chinês fugiu do Maranhão, se estabeleceu em Manaus e tentou ser candidato a senador pelo PPS de Roraima em 1998, sem lograr êxito. No rastro de sua passagem pelo Maranhão só ficaram ilusões e mentiras e os nomes sujos no Serasa e no SPC dos presidentes e tesoureiros dos 90 grupos que se responsabilizaram pelos empréstimos e são inadimplentes até hoje naquele banco.

Chhae Kwo Chheng, mais conhecido como o vendedor de ilusões, enganou cerca de quatro mil homens e mulheres humildes da região do Munin. Ninguém esquece que o governo de Roseana foi fundamental na montagem do pólo e foi Jorge Murad quem trouxe o empresário chinês Chhai Kwo Chheng do Ceará no final de 1995;

3) O golpe do pólo têxtil da São Luís, 1997 e 1998:

Realizado da mesma forma e patrocinado pelos mesmos personagens do pólo têxtil de Rosário, esse golpe levantou cerca de R$ 30 milhões da SUDENE, via BNB, tomados emprestado por 800 trabalhadores humildes de São Luís, Paço do Lumiar e São José de Ribamar

Com a esperança de trabalho e renda 800 homens e mulheres construíram galpões em suas casas, compraram máquinas superfaturadas e foram enganados com promessas de cursos de qualificação profissional e compra garantida da produção. Todos estão com os nomes sujos no Serasa e SPC e inadimplentes no BNB até hoje

4) O Telensino, 1998/1999:

A assinatura do contrato do Telensino com a Fundação Roberto Marinho custou cerca de R$ 110 milhões, através de recursos federais liberados pelo projeto Alvorada.

Centenas de milhares de jovens estudantes não conseguiam acompanhar as aulas dadas em televisões, sem a presença de professores em sala de aula, e tiveram sua formação educacional bastante prejudicada pela falta de cursos públicos regulares de ensino médio.

Com monitores despreparados e assistindo aulas de professores do Sudeste, que não conheciam a realidade maranhense, os alunos não conseguiam acompanhar as aulas e toda uma geração de estudantes de escolas públicas nascida entre os anos de 1982 e1987 foi sacrificada e marcada para o resto da vida pela falta de uma formação educacional regular e com qualidade, que garantisse condição de ingresso no pequeno, mas competitivo e exigente mercado de trabalho maranhense.

Em 2002, ano que Roseana Sarney se afastou do governo para candidatar-se ao Senado Federal, só existiam escolas públicas de ensino médio em 58 dos 217 municípios maranhenses;

5) O golpe da Usimar, 1999:

O golpe da Usimar, empresa de autopeças, foi dado pelo empresário paranaense Teodoro Hubner Filho, que contou com o decisivo apoio da governadora Roseana Sarney e do supersecretário de Planejamento, Jorge Murad.

O Conselho Deliberativo da SUDAM se reuniu em dezembro de 1999 em reunião presidida pela governadora Roseana Sarney. No encontro a influência e a pressão exercida por Murad foram fundamentais para a aprovação do projeto da Usimar no valor global de R$ 1,38 bilhão. Depois da reunião a Sudam liberou, via BASA, duas parcelas iniciais de R$ 22 milhões cada.





Foto da Usimar no Distrito Industrial de São Luís, com a placa anunciando a obra e o valor total do projeto na frente e ao fundo o galpão abandonado construído por Severino Cabral, empreiteiro amigo de Jorge Murad



Os R$ 44 milhões foram recebidos por Hubner para a instalação da fábrica de autopeças no Distrito Industrial de São Luís. A empreiteira Planor (de Flávio Lima e Gianfranco Perasso) construiu um barracão no local, o empreendimento nunca saiu do papel e o dinheiro liberado tomou doril!.

O advogado do empresário paranaense disse tempos depois que seu cliente não viu a cor de um centavo de real sequer!

Um escritório da Usimar chegou a funcionar no mesmo prédio onde funcionou o escritório da Lunus que tinha como sócios Jorge Murad (16%), João Abreu (1%) e Roseana Sarney (83%).

A Lunus ficou conhecida nacionalmente em março de 2002 quando a Polícia Federal apreendeu documentos da Usimar e R$ 1.340.000,00, as famosas 26 mil e oitocentas ocinhas (notas de R$ 50,00) na empresa, escândalo nacional na mídia, que acabou forçando a então candidata a presidente do Brasil pelo PFL, Roseana Sarney, a desistir da candidatura.

6) Sistema Italuís - os R$ 150 milhões da Gautama e da OAS que tomaram doril, em 2000:

A liberação de 150 milhões de reais de um contrato de R$ 300 milhões, do Ministério da Integração Regional para as empreiteiras baianas OAS e Gautama (R$ 75 milhões para cada) para duplicar a capacidade de captação e produção de água potável do Sistema Italuís.

A obra não foi feita e o governo de Roseana Sarney não fiscalizou a aplicação dos recursos que é a principal causa do caos que impera até hoje no Estado e na Grande São Luís, causando a falta de água em centena de bairros, povoados e pequenas localidades.

Coincidência ou não a Gautama foi apontada pela mídia nacional como uma das principais doadoras de recursos financeiros da campanha de Roseana Sarney ao governo do Maranhão nas eleições de 2005;

7) O repasse do grupo Mirante de Comunicação, de 1995 a 2002 e de abril de 2009 até hoje:

É impossível determinar hoje com exatidão os valores repassados pelas agências de propaganda contratadas pelos secretários de comunicação de Roseana Sarney (Antônio Carlos Lima de 1995 a 2002 e Sérgio Macedo de abril de 2009 até julho de 2010) ao Sistema Mirante de Comunicação (conglomerado que reúne várias emissoras de TV, dezenas de rádios AM e FM e o jornal “O Estado do Maranhão”) pertencente aos três irmãos Sarney: Roseana, Fernando e Zequinha.

Com certeza no primeiro período de sete anos e três meses do “novo governo – parte 1” do Maranhão devem ter sido repassados mais de R$ 200 milhões (duzentos milhões de reais).

Segundo denúncia postada hoje pelo jornalista Raimundo Garrone em seu blog, a agência VCR Produções e Publicidade, da empresária Wanda Torres, recebeu de 1.° de Janeiro a 20 de Maio de 2010 a bagatela de R$ 15.954.543,00.

A quem diga na capital maranhense que a proprietária da VCR tem uma ligação muito estreita com Jorge Murad, marido da governadora biônica Roseana Sarney.

Somam-se a esse valor mais uma contratação de serviços de publicidade com a mesma empresa VCR assinada em dois de Julho de 2010 e publicada no Diário Oficial do Estado seis dias depois, no valor de R$ 7,8 milhões, totalizando quase R$ 24 milhões só em 2010.

Se uma só empresa de comunicação recebeu quase R$ 24 milhões em sete meses (de Janeiro a Julho do corrente ano) do “novo governo – parte 2” do Maranhão em 2010, sem contar o que também foi repassado às agências de propaganda Phocus, AB e Sotaque, imaginem o que já não foi gasto em propaganda de Abril a Dezembro de 2009 e, principalmente, nos primeiros 87 meses (Janeiro de 1995 a Março de 2002) do “novo governo – parte 1” do Maranhão?

E todos sabem no Maranhão que maior parte das despesas das agências de publicidade contratadas pelo governo estadual vai para pagar as caríssimas inserções institucionais veiculadas na TV Mirante/Globo.

8) a Coesa não saneou a Lagoa da Jansen, de 1999 a 2001:

R$ 80 milhões foram liberados pelo governo do tucano FHC entre 1999 e 2001, através do Ministério do Meio Ambiente (quase toda a verba da pasta do então ministro Zequinha Sarney) para a empreiteira baiana Coesa sanear, construir e urbanizar a Lagoa da Jansen, em São Luís. O saneamento não foi finalizado e a obra está repleta de denúncias de irregularidades;

9) Aplicações financeiras irregulares no Banco Santos:

Foram feitas aplicações ilegais de recursos públicos do Fundo Previdenciário do Estado (R$ 20 milhões) e da Capof (Caixa de Assistência dos Funcionários Aposentados do BEM), R$ 16 milhões, na ciranda financeira patrocinada pelo Banco Santos, do empresários Edmar Cid Ferreira.

O banco faliu e não restituiu o dinheiro aplicado pela Capof e devolveu apenas uma parte do dinheiro investido pelo fundo previdenciário em aplicações de alto risco que eram muito bem remuneradas por Ferreira para atrair investidores incautos.

Na época da falência do Banco Santos, a mídia nacional publicou matérias que informava que alguns clientes especiais foram avisados com antecedência que o Banco Central iria pedir na Justiça a falência da casa bancária de Ferreira. Na relação de amigos avisados contou o nome do senador José Sarney e familiares.

O banqueiro é casado com uma filha do senador maranhense já falecido, Alexandre Costa, e foi padrinho de casamento de Roseana Sarney e Jorge Murad. Durante muitos anos Roseana foi dependente de um cartão de crédito internacional de Ferreira e usava o cartão em suas viagens ao exterior;


10) Saneamento, falência e privatização do BEM:

Entre os anos de 1999 a 2001 foi tomado um empréstimo de R$ 275 milhões junto ao Banco Central com o objetivo de sanear as contas do BEM. O Estado depois ainda fez um aporte de R$ 58 milhões no BEM que faliu em seguida, foi privatizado e vendido ao Bradesco por menos de R$ 80 milhões;

Um negócio de pai para filho como se você pegasse emprestado R$ 10000,00 num banco qualquer para reformar um fusca e o vendesse depois por meros R$ 2.500,00.

Depois da privatização ocorreu um fato muito estranho: em vez da governadora Roseana ter transferido o pagamento da folha salarial de quase cem mil servidores estaduais para um banco oficial (BB ou CEF), ela manteve o pagamento no Bradesco, o principal banco privado do Brasil.

11) O escândalo do Projeto Salangô;


No período de 1992 a 1999, trabalhadores rurais humildes da região de São Mateus tomaram emprestados quase R$ 70 milhões, via BNB, para a empresa baiana Coesa implantar o projeto de irrigação de Salangô, em São Mateus, que foi abandonado sem ser finalizado.

Uma terra encharcada de 5.016 hectares, em que já foram mergulhados R$ 68,5 milhões, sendo cerca de R$ 25 milhões no governo Lobão e a maior parte (R$ 43,5 milhões) no “novo governo – parte 1” de Roseana Sarney.

O projeto de irrigação Salangô, iniciado em 1992, para assentar 845 famílias de agricultores em São Mateus do Maranhão, tem um problema singelo: irrigou uma área alagada, onde chovem 2 mil milímetros anuais.

Depois de dezoito anos, Salangô não produz praticamente nada além da maldita dívida deixada para mais de 100 famílias que caíram no conto de que possantes bombas regulariam por macro aspersão e inundação lagos e rios da região, garantindo três safras de arroz por ano e frutas à vontade.

Segundo informações do blogueiro Jônatas Carlos, do blog São Mateus em OFF, hoje o pouco de arroz que vinga em Salangô precisa ser colhido de canoa, ou quando não, é simplesmente perdido.


Conclusão:

Ninguém pode responsabilizar a governadora Roseana Sarney Murad e seu marido, Jorge Francisco Murad Júnior, pelo sumiço dos recursos públicos federais e estaduais que se perderam nestes ralos da corrupção.

Mas com certeza, Roseana tem que ser responsabilizada e tinha a obrigação, como governadora do Maranhão, de fiscalizar a correta aplicação dos recursos estaduais gastos na estrada fantasma Paulo Ramos a Arame; nas aplicações de risco de recursos da Capof (Caixa de Assistência dos funcionários do BEM) e do Fundo Previdenciário do Estado do Maranhão feitas no Banco Santos, que faliu a seguir; e na falência do BEM depois do Estado investir R$ 333 milhões (R$ 275 milhões tomados emprestados ao BC e R$ 55 milhões de recursos do tesouro estadual) para saneá-lo.

Da mesma forma tanto Roseana como seu marido Jorge, na função de secretário de Estado de “planejamento”, devem ser responsabilizados por não terem fiscalizado corretamente a aplicação de recursos federais da SUDENE nos pólos têxteis de Rosário e de São Luís; dos recursos da SUDAM na Usimar; das verbas federais do projeto Alvorada investidas no Telensino; das verbas federais tomadas emprestadas por trabalhadores para os projetos de irrigação de São Mateus; das verbas do orçamento da União aplicadas no projeto do Tabuleiro de São Bernardo; dos recursos federais liberados para a duplicação do Sistema Italuís em 2000 que não foi realizada; e das obras de urbanização e esgotamento sanitário da Lagoa da Jansen.

Amanhã, dia 22 de Julho, quinta-feira, vou publicar a segunda parte desta matéria em que analisarei os feitos e ações do ,“novo governo – parte 2” do Maranhão.

Este período vai de 17 de Abril de 2009 a 22 de Julho de 2010.

Aguardem!

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