O candidato José Reinaldo Tavares, (PSB) classificou como previsível o resultado da pesquisa de intenções de votos realizada pelo Instituto Escutec para senador do estado. O ex-governador estaria empatado tecnicamente no segundo lugar com João Alberto de Souza (PMDB).
“É um resultado que já previa sem nem conhecer os dados. De forma que eles são previsíveis mesmo. Nós vamos disputar o primeiro lugar entre os concorrentes ao Senado. Vamos continuar do mesmo jeito, porque pesquisa, nós sabemos o histórico de manipulação feito pela oligarquia (Sarney) ao longo de diversas eleições. Pesquisa mesmo é do povo, nessa nós confiamos. E estou forte, porque não me colocaram em último lugar”, disse Zé Reinaldo.
Zé Reinaldo se lembrou de 2006, quando às vésperas das eleições para governo do estado, o Escutec divulgou uma pesquisa apontando Roseana Sarney vencedora do primeiro turno com 57%. Três dias depois, as urnas apontaram 47% da escolha do eleitorado para ela. Jackson que teria 27%, fechou com 35%. “Sabemos que os números reais são diferentes desse. Há um desejo de manter o João Alberto na minha frente, isso é expresso nessa pesquisa que temos todas as razões de desconfiar dela”, afirmou.
O ex-governador disse ainda que as pesquisas podem ser manipuladas, mas quem decidirá a eleição será o povo maranhense. “Quem decide não é a Escutec, não é pesquisa nenhuma, quem decide é o povo. Isso nós vamos ver no dia da eleição e estamos muito confiantes, acreditamos em uma grande votação”, afirmou.
A pesquisa publicada no jornal "O Estado do Maranhão", de propriedade da família Sarney, e feita pela Escutec atribuiu aos candidatos do PMDB, Edison Lobão e João Alberto de Souza, a liderança nas intenções de votos se eleições fossem agora. Segundo os dados, Lobão teria 51,20% das intenções de voto e João Alberto, 29%, seguido pelo ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), com 26,5%.
Ainda de acordo com a Escutec, os concorrentes do PSDB, Roberto Rocha e Edson Vidigal, teriam, respectivamente, 18,6% e 15%. Os demais candidatos estão com média de 1%, são eles a Professora Socorro, do PSOL (3,8%); Adonilson Lima, do PCdoB (1,8%); Luis Noleto, do PSTU (1,7%); e Paulo Rios, do PSOL (1,3%). Josivaldo Corrêa (PCB), Charles Vieira (PCB) e Claudicéia Durans (PSTU) marcaram menos de 1% na pesquisa Escutec. Um total de 30,6% de eleitores indecisos e outros 18,4% que declararam votar nulo ou em branco.
Os índices da pesquisa Escutec refletem a soma da votação dos candidatos a senador como primeira e segunda opções do eleitor, por isso supera os 100%. O Escutec ouviu 1.050 eleitores em todas as regiões do estado, entre os dias 19 e 22 deste mês. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
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A impressão que dá é a de que a eleição para senador vai embolar. Os cinco principais candidatos podem disputar palmo a palmo.
ResponderExcluirJANIO DE FREITAS
ResponderExcluirFolha de São Paulo,20/05/2007.
Feliz aniversário
Na semana seguinte haveria uma concorrência de US$ 2,5 bilhões e nós já sabíamos os futuros ganhadores
AINDA que pareça, não é coincidência. É o final feliz, embora não para todos, construído pelo longo percurso que levou José Reinaldo Tavares a ministro, a parlamentar, a governador e, nesta semana, à cadeia. Na ocasião mesma em que faz exatos 20 anos, completados no dia 13, o maior dos escândalos provocados pela corrupção em licitações públicas: o da concorrência de US$ 2,5 bilhões, que a Folha comprovava ser fraudulenta, para construção da ferrovia Norte-Sul (ou Maranhão-Brasília) sob a responsabilidade de José Reinaldo Tavares, ministro dos Transportes no governo Sarney.
Concorrências e obras públicas sempre foram cenários de fraudes e alta corrupção, com duas barragens protetoras. Uma, a dificuldade de comprovação, na hipótese (nunca mais do que hipótese) de que um político se dispusesse à denúncia; outra, as variadas ligações das grandes empreiteiras com os meios de comunicação. Ao valor inicial fabuloso, porém, o projeto da Norte-Sul acrescentou a novidade de um esquema complexo para sua implantação.
Uma subsidiária obscura da então estatal Vale do Rio Doce, chamada Valec, foi reativada e deslocada para a órbita do Ministério dos Transportes, com o encargo de fazer as operações relativas à Norte-Sul. A longa extensão da ferrovia foi dividida em 18 setores de construção, cada um deles a ser atribuído a uma empreiteira. A licitação equivalia, portanto, a 18 concorrências. Ou à complicada acomodação dos interesses de 18 grandes empreiteiras, na divisão de lotes com tarefas e valores diferentes, e ainda, no outro lado, os interesses dos que criaram o projeto, geriam a concorrência e conduziriam a obra.
Falei com Octavio Frias de Oliveira: na semana seguinte haveria uma concorrência de US$ 2,5 bilhões (ele estava a par) e nós já sabíamos os futuros ganhadores, mas o problema era a comprovação do conhecimento antecipado, que desnudaria a concorrência como farsa e demonstraria a fraude e a corrupção. "Já sabemos?" -era mais um desejo irônico de confirmação do que espanto. Sabemos, e a idéia seria publicar disfarçadamente o resultado em alguma parte do próprio jornal.
De minha parte, todos os minutos daqueles dias foram de tensão pura, mas com a certeza de que já encontrara naquele telefonema o momento culminante, para mim, de todo o episódio jornalístico da concorrência.
Com o aspecto de comunicado referente a sorteio ou algo assim, e sob o título "Lotes", montei um anúncio, posto entre os classificados, combinando letras que identificassem cada empreiteira e, ao lado de cada uma, o número do setor que lhe caberia como "vencedora" na disputa das propostas técnicas e de preço. Presença já secular nos jornais, os classificados enfim tornavam-se parte do jornalismo: à noite do dia 12 a Valec divulgava o resultado da concorrência e, na manhã seguinte, a Folha reproduzia o anúncio publicado cinco dias antes. A relação oficial dos "vencedores" da disputa era exatamente igual ao antecipado pelo anúncio.
O escândalo foi imediato. No governo sucederam-se reuniões. José Reinaldo Tavares comunicou um processo contra mim na Lei de Segurança Nacional. Dissuadido por Saulo Ramos, consultor-geral da República, transferiu a Romeu Tuma, diretor da Polícia Federal, a instauração de inquérito policial para me incriminar pela afirmação, no texto do dia 13, da ocorrência de fraude e corrupção, que não estariam provadas. Poucos dias depois, em sua reportagem de capa, "Veja" explicava serem necessários uns 10 milhões de anúncios, considerando-se o alto número de concorrentes e de setores em disputa, para acertar o resultado com a precisão exibida.