domingo, 4 de julho de 2010

O jogo da sucessão está na mesa e não vale blefar 2

A eleição para o governo do Maranhão terá seis candidatos; Roseana Sarney, do PMDB; Jackson Lago, do PDT; Flávio Dino, do PC do B; Marcos Silva, do PSTU; Marcos Igreja, do PCB; e Saulo Arcangelli, do PSOL.

Dezessete partidos estão coligados na chapa majoritária de Roseana Sarney: PMDB, PT, Democratas, PP, PR, PTB, PV, PSC, PMN, PHS, PRB, PT do B, PSL, PTN, PSDC, PRTB e PRP.
Jackson Lago terá o apoio do PDT, PSDB e PTC. Já o deputado federal Flávio Dino terá o apoio do PC do B, PPS e PSB. O PCB ainda não definiu se fará coligação com o PC do B ou com o PSOL.

Marcos Silva, do PSTU; Marcos Igreja, do PCB; e Saulo Arcangelli, do PSOL serão candidatos a apenas de seus partidos que não coligarão com outras legendas em 2010.

Três decisões partidárias só foram definidas no final do prazo da realização de convenções: o PCB lançou candidato próprio a governador, o PPS deixou a coligação de Jackson Lago para apoiar Flávio Dino e o DEM que ameaçava não apoiar Roseana para concorrer sozinho ou apoiar Jackson ou Flávio, resolveu baixar as armas e apoiar os velhos e queridos companheiros históricos de PDS e PFL no Maranhão.

Quem saiu como grande derrotado desta novela do DEM foi o deputado federal Clóvis Fecury que não será candidato à reeleição e como prêmio de consolação ganhou um presente de grego: foi indicado para ser o 1. ° suplente do candidato a senador João Alberto de Sousa.

Triste fim do grupo político da família Fecury que elegeu um federal em 2006 (o próprio Clóvis) e tem um senador (Mauro Fecury) desde abril de 2009. Com a definição da posição do DEM os Fecury, pai e filho, se afastarão da política a partir de 31 de Janeiro de 2011.

Mauro vai encerrar sua carreira política e dificilmente Clóvis terá chances de ser senador algum dia, porque tudo indica que a situação deve eleger um senador (Edison Lobão) e a oposição o outro senador (José Reinaldo ou Roberto Rocha ou Edson Vidigal).

Clóvis Fecury apostou tudo na independência do DEM/MA, mas prevaleceu a extrema fidelidade de seu pai ao senador José Sarney. Resta à família Fecury tentar eleger o genro de Mauro, Fábio Braga, para a Assembléia Legislativa pelo PMDB.

Não consigo entender porque o PSTU, o PSOL e o PCB não se coligaram na chapa majoritária e na proporcional para tentar garantir a eleição de pelo menos um deputado estadual de esquerda no Maranhão.

É muito sectarismo e divisão para tão poucos votos!

O deputado Edivaldo Holanda, do PTC, disse-me aonteontem ao telefone que seu partido ainda não definiu se coligará na chapa proporcional com o PSDB ou com o PDT, uma vez que o acordo anterior de se coligar com o PPS foi desfeito devido à mudança de tática eleitoral do partido de Eliziane Gama, Altemar Lima, Othelino Neto e Paulo Matos que deixou a coligação de Jackson para apoiar o candidato do PC do B.

Roseana Sarney terá 51,68% (dez minutos e 20 segundos de tarde e de noite) do tempo de propaganda eleitoral gratuita na tv e no rádio; Jackson Lago terá 17,66% (três minutos e 32 segundos) do tempo; Flávio Dino terá 13,59% (dois minutos e 43 segundos) do tempo, Saulo Arcangelli 5,92% (um minuto e 11 segundos) e Marcos Silva e Marcos Igreja terão 5,58% (um minuto e sete segundos cada) do tempo.

Com mais da metade do tempo do horário eleitoral gratuito Roseana não poderá falar muito para não mostrar seu despreparo e falta de conteúdo (como bem disse Ricardo Murad há alguns anos, ela apenas lê os textos que a mandam falar, sem entender nada do que está escrito). Soma-se a isso a falta completa de realizações e obras novas em seus 14 meses e meio de seu “novo governo”.

Duda Mendonça vai ter que rebolar muito e inventar muita lorota nova pra tentar enganar os mais de quatro milhões de leitores maranhenses no tempo ocioso que terá três vezes por semana na TV.

Esta eleição poderá ficar embolada se o TSE mantiver sua decisão de não permitir o uso de imagens e depoimentos do presidente Lula e de candidatos a presidente em programa de candidatos a governador e senador apoiados por coligações que possuem partidos com candidatos próprios a presidente.

No Maranhão Lula e Dilma não poderão aparecer no programa de Roseana, porque participam de sua coligação majoritária seis partidos que possuem candidatos próprios a presidente (PV, PSL, PHS, PSDC, PRTB e PRB).

Se a posição do TSE que verticaliza a propaganda na TV e no rádio for mantida, Duda Mendonça não poderá usar depoimentos de Lula em apoio à candidatura de Roseana para tenta superar a grande rejeição que o nome Roseana e o sobrenome Sarney possue no estado.

No caso específico do Maranhão as candidaturas de Jackson Lago e de Flávio Dino seriam beneficiadas, uma vez que o PDT esta coligado com o PSDB no Maranhão e com o PT nas eleições nacionais, mas não lançou candidato próprio a presidente. A mesma coisa acontece com Flávio que tem o apoio do PPS, que nacionalmente apóia Serra, mas não lançou candidato próprio a presidente da República.

E não adianta sair prometendo mundos e fundos e transformar o Maranhão num Eldorado, que essa cantilena já está surrada devido às promessas não cumpridas em 1994 e 1998.

Duda Mendonça não pode esquecer que o verdadeiro eldorado daqui é o massacre de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, quando policiais militares daquele estado assassinaram dezenove trabalhadores sem terra que protestavam em uma estrada. A maioria dos sem terra assassinados era maranhense que tinham fugido do latifúndio. Eles tinham saído daqui à procura de terra para trabalhar no Pará.

O mais hilariante nesta história de “novo governo” do Maranhão é que os protagonistas principais são os mesmos da década perdida de 90: Roseana, Lobão, João Alberto, Gastão Vieira, Nice Lobão, Luciano Moreira, Olga Simão, Jorge Murad (hoje atuando nos bastidores) e outros.

As diferenças são poucas: Ricardo Murad parou de enganar a oposição e voltou à casa paterna; Cafeteira mudou de lado e a ala sarneysista do PT que enfim saiu do armário ideológico e assumiu a defesa da oligarquia mais atrasada e conservadora do Brasil.

Caberá a Jackson Lago e a Flávio Dino a exibição de um programa pedagógico que alerte os eleitores e narre a verdadeira história política do Maranhão nos últimos 45 anos e ao mesmo tempo apresente propostas políticas concretas para tirar o Maranhão e seu povo desta situação de miséria e de alarmantes e péssimos índices de qualidade de vida (analfabetismo, falta de terra para trabalhar, abandono do incentivo à agricultura familiar, baixa escolaridade, saúde pública sucateada e desemprego)

Não podemos esquecer também da crítica contundente à centralização excessiva do poder político, característica marcante dos três mandatos da governadora Roseana Sarney, que tira poder e enfraquece os municípios maranhenses.

Roseana conseguiu se coligar com o PT/MA e adicionou ao seu tempo de tv e rádio preciosos dois minutos e 29 segundos diários à tarde e à noite, além querer, se o TSE assim o permitir, privatizar o palanque de Dilma e monopolizar as mensagens de apoio do presidente Lula.

Mas a militância engajada do PT continua apoiando Flávio Dino. Nomes como Domingos Dutra, Valdinar Barros, Manoel da Conceição, Bira do Pindaré, Jomar e Terezinha Fernandes, Augusto Lobato, Silvio Bembem, Márcio Jardim, Ed Wilson, Franklin Douglas, Ricardo Ferro e centenas de petistas da capital e do interior estão engajados na campanha de Flávio Dino.

Flávio também tem o apoio dos prefeitos de Caxias, Humberto Coutinho, e de Matões, Sueli Pereira.

Jackson Lago conta também com uma militância pedetista muito aguerrida e tem o apoio de prefeitos importantes como João Castelo (São Luís), Sebastião Madeira (Imperatriz), Ildemar Gonçalves (Açailândia) e Deoclides Macedo (Porto Franco).

Tem também a seu favor a realização de obras de grande importância como a ponte sobre o Rio Tocantins, em Imperatriz, o Socorrão de Presidente Dutra, a estrada MA -014 que interliga dez municípios da Baixada, a construção de quase duas centenas de escolas novas de ensino médio, a reforma de quase 400 escolas e a implantação de 69 bibliotecas das 104 que o Maranhão possue em apenas dois anos e três meses de governo.

Jackson também inovou na forma de governar ao implantar um modelo municipalista de governar ao fortalecer os municipios maranhenses, descentralizando recursos públicos através da assinatura de quase 900 convênios.

As cartas estão na mesa. Roseana tem a verba e Jackson, Flavio, Saulo e os dois Marcos têm o verbo. Jackson tem o que mostrar e Roseana não tem. Ela gosta muito de blefar no pano verde. Mas o povo maranhense está atento e não vai deixar se enganar tão facilmente.

Vamos ver o que vai dar!

6 comentários:

  1. Pragmatismo, puro pragmatismo. Enquanto isso e o povo?

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  2. Vamos juntos com o Dr. Jackson devolver o seu mandato para realizar um governo popular e democrático.
    O POVO É MAIOR!!!
    QUERO JUSTIÇA!!!

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  3. Considero correta a decisão do PCB de não se coligar com o PSOL e o PSTU.

    É preciso parar de achar que as eleições burguesas são um fim em si mesmas e depois passar quatro anos esquecendo que um dia houve um compromisso em torno de uma Frente.

    As eleições burguesas, como estão enredadas no Brasil, jamais levarão a qualquer avanço popular concreto.

    Pela Frente Anticapitalista, já, amanhã e sempre, até a derrota dos capitalistas.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. O PSTU não faz coligação simplesmente porque pode ou não eleger, defendemos a frente de esquerda com o PSOL e PCB com um programa classista e socialista, porque achavamos que era a melhor forma de disputar a conciência dos trabalhadores para a necessicidade da revolução e do socialismo como saída para o câncer capitalista. Mas infelizmente não foi possível, primeiro porque com o PSOL não havia acordo sobre o programa e sobre a independência financeira da burguesia, e depois a crise atual do PSOL tornou essa frente impossível. Não vai existir um PSOL, mas dois partidos na campanha eleitoral. Um deles apoiando Plínio, outro fazendo campanha sem candidato a presidente. Se o PSOL não consegue sequer unificar a si próprio, como vai pretender ter o apoio de outros partidos para seu candidato à presidência? Já os companheiros do PCB já tinha manifestado que vai lançar candidatura própria. Por esse motivo a candidatura a campanha “Zé presidente” será a expressão do programa socialista e classista que defendemos. Não haverá uma frente de esquerda, mas queremos que essa candidatura seja mais ampla que as fronteiras do PSTU. Chamamos todos os que quiserem ajudar a construí-la a somarem-se a nós.

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  6. Caro professor Raphael Guedes. A postagem que escrevi é apenas uma constatação da necessidade histórica da Assembléia Legislativa contar com um deputado estadual realmente de esquerda (do PSTU ou do PSOL ou do PCB) para fazer o contraponto de candidatos do PT sarneysista que possam ser eleitos ou mesmo de deputados do PSB, PC do B, PPS e do PDT.

    Pensei que já tinha chagado a hora dos três partidos de esquerda superarem divergências ideológicas mais profundas para eleger um ou dois representantes na AL que tivessem uma atuação marcadamente socialista, em defesa dos trabalhadores e da soberania nacional.

    Espelho-me nos bons exemplos de Luciana Genro e Chico Alencar na Câmara Federal e de José Nery no Senado Federal.

    Sei que na opinião do PSTU o parlamento brasileiro é burguês, mas a eleição de representantes não só do PSTU, bem como do PSOL e do PCB seria muito positivo para a democracia no país e no Maranhão.

    Respeito a sua opinião, mas continuo achando que a minha posição de defender uma frente de esquerda para eleger parlamentares não é só correta, como é necessária para o fortalecimento da democracia em geral e o combate sistemático à oligarquia Sarney no Maranhão.

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